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Segurança

Quem sãos os PMs que foram alvo de operação por suspeita de atuar para traficantes do Recife

Policiais são suspeitos de oferecer proteção, vazar informações sigilosas e até disponibilizar viaturas e fardas para quadrilha dos Gêmeos de Santo Amaro

Publicado em: 29/11/2024 19:38

 (Divulgação/PCPE)
Divulgação/PCPE

 
Investigação da segunda fase da Operação Blindados, deflagrada pela Polícia Civil na quinta-feira (28), mostra a participação de policiais militares na quadrilha liderada por Bruno Teixeira de Oliveira e Thiago Teixeira de Oliveira, mais conhecidos como “Os Gêmeos de Santo Amaro”.

O bando atua principalmente no tráfico de drogas e também estaria relacionado a casos de homicídios no centro do Recife. A descoberta do envolvimento de agentes públicos aconteceu após a quebra do sigilo telefônico dos traficantes, que foram alvos da primeira fase da operação, realizada em janeiro deste ano.

Os PMs investigados são José Tarcísio de Carvalho Pereira, Valter Mendonça de Azevedo, Rayner Thainan Ferreira Santos, Ivison Francisco Alves Júnior e Artur Luiz Silva Sampaio Cabral. Todos tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça pernambucana.

Segundo a investigação, os agentes são suspeitos de oferecer proteção, vazar informações privilegiadas, prestar consultoria para compra de armas e munição e até de usar viaturas oficiais para auxiliar a quadrilha dos Gêmeos de Santo Amaro.

Informações privilegiadas

Contra José Tarcísio, pesam mensagens de WhatsApp trocadas com Thiago. De acordo com a investigação, o PM aparece passando informações ao traficante sobre membros da própria corporação e antecipando dados de operações policiais.

O agente também teria sido responsável por informar ao bando sobre a prisão do traficante Léo do Maruim, considerado o principal rival dos Gêmeos de Santo Amaro, que foi detido em condomínio de luxo em João Pessoa, na Paraíba, em agosto de 2023.

Segundo a Polícia Civil, o PM teria, ainda, compartilhado com o traficante “imagens de protestos feito por moradores” para “pressionar o comando a tirar policiais que não participam do esquema da comunidade e, por consequência, atrapalham as atividades criminosas".

Fardas e viaturas

O policial também teria sido flagrado em conversas de aplicativo com líderes da quadrilha e chegou a prestar auxílio com informações para “compra de munições e acessórios de arma de fogo”, de acordo com o inquérito.

Com base em conversas de agosto de 2023, a Polícia Civil diz que o PM ajudou os criminosos a identificar outros policiais, compartilhando fotos e redes sociais dos colegas. 

Cerca de dois meses depois, o policial também “se compromete a disponibilizar” viatura, farda e policiais para o traficante, segundo a investigação. Ainda de acordo com o inquérito, essa última conversa teria envolvido um pagamento de R$ 1,2 mil pelo traficante.

Proteção a traficantes

Segundo os investigadores, o policial atuava como “informante” e agiria como “membro ativo da organização criminosa”. No pedido de prisão, a Polícia Civil também afirmou que ele “deixava de executar prisões em flagrante, exercia a segurança particular de Thiago, além de outras atividades criminosas”. 

No documento, os investigadores também relacionam o PM a mensagens que davam dicas a Thiago sobre como proceder caso algum membro do bando fosse preso, abordado ou tivesse o celular acessado pela polícia. Ele teria, ainda, pedido “um quilo de maconha” ao traficante, para incluir em uma apreensão e cumprir a meta institucional.

Já Ivison é incriminado por mensagens de uma terceira pessoa que foram trocadas com o traficante Bruno. Em uma delas, o interlocutor afirma que estava esperando ele retornar de uma viagem para “limpar a área da comunidade da João de Barros”.

Segundo a Polícia Civil, o PM seria suspeito de viajar para “comprar e transportar uma droga de boa qualidade (provavelmente cocaína) para o Recife” e também estaria envolvido em conversas para comprar dinamites ilegalmente.
 
Investigação 

Os outros suspeitos que tiveram a prisão decretada são Thiago Gonçalves de Brito, Bruno Ricardo da Silva Rego, Sales Vinícius Barros de França e Silva, Lázaro Henrique de França e Silva, além de Mariana Valéria Pires Ferreira de Oliveira e Kethnen Yasmim Silva de Andrade.

“Fortes são os indícios de que os representados formam um organização criminosa, voltada ao tráfico de drogas, armas e munições, bem como ocultam ou dissimulam a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens”, registrou a juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal da Capital, ao decretar as prisões.

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