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Diversidade

Multiculturalismo na Semana de Londres

Por: AFP

Publicado em: 11/01/2020 06:00 | Atualizado em: 10/01/2020 10:37

O look streetwear foi um dos destaques do evento de outono/inverno dedicado à moda masculina (Ben Stansall | Niklas Hallen AFP | Ben Stansall)
O look streetwear foi um dos destaques do evento de outono/inverno dedicado à moda masculina (Ben Stansall | Niklas Hallen AFP | Ben Stansall)

A Semana da Moda de Londres dedicada às coleções masculinas outono/inverno 2020, que terminou na última segunda-feira, celebrou o multiculturalismo a poucas semanas do Brexit. Entre as principais apostas, os jovens estilistas Grace Wales Bonner e Nicholas Daley exploraram suas duplas cidadanias britânicas e jamaicanas para celebrar o Caribe e aquecer o inverno londrino. Wales Bonner, de 29 anos, admitiu que se divertiu “alterando um pouco” tecidos britânicos “muito tradicionais, muito reconhecíveis” para criar, por exemplo, gorros de lã Shetland com as cores da Jamaica. A coleção, batizada Lover’s Rock, homenageou o estilo de reggae romântico que nasceu na capital britânica nos anos 1970. Daley, por sua vez, também formado pela famosa escola londrina Central Saint Martins em 2013, celebrou suas origens jamaicanas em uma coleção com referências que vão do jazz experimental à arte abstrata. Os dois estilistas se dizem marcados pelas obras de Frank Bowling, pintor abstrato britânico nascido na Guiana a quem o museu londrino Tate Modern dedicou uma retrospectiva no ano passado.

Quem assistiu ao desfile de Paria Farzaneh, por outro lado, se viu trasportado ao Irã para a celebração de um casamento, uma cena impactante após a morte do general iraniano Qassem Soleimani em um ataque com drone americano. “Nesses tempos incertos, é bom ter um momento de celebração”, disse a estilista britânica de origem iraniana. O convite explicitava mulheres sentadas de um lado e homens de outro para assistir, em farsi, à troca de votos matrimoniais do jovem casal. Nem fraque nem ternos para os convidados. A coleção de streetwear feita em colaboração com a marca Gore-tex se revelou resistente à água, antitranspirante e alinhada com o respeito ao meio ambiente: o poliéster e o náilon utilizados foram feitos com garras de plástico e redes de pesca recicladas. As delicadas estampas de flores, marca da estilista, aparecem nas mangas das parkas cáqui e alegram os capuzes dos anoraques.

Já o estilista Edward Crutchley, uma das estrelas ascendentes da moda britânica, vive uma época de glamour: sua coleção girou em torno da opulência, centrada em um casaco volumoso com estampa camuflada. Celebração de um mundo sem fronteiras, a temporada é uma extravagante mistura de gêneros: chapéus triangulares inspirados em um povo da Namíbia, ombros inspirados nos vestidos tradicionais filipinos, calças de smoking e camisas camisas havaianas com cores psicodélicos. Na coleção apresentada por Stefan Cooke, outra macrotendência para o setor: os homens vestem casacos de tweed com gola canoa que lembram os anos 1920, desconstruindo a fronteira entre masculino e feminino.

Em meio ao multiculturalismo, a demanda universal por sustentabilidade e comprometimento social também entrou em pauta: enquanto muitos estilistas utilizaram materiais reciclados e técnicas que respeitam o meio ambiente, foi Bethany Williams quem se destacou e firmou compromisso com um enfoque social. Estilista de 30 anos, premiada como “talento emergente” no mês passado, durante cerimônia anual dos Fashion Awards, prêmio da moda britânica, trabalhou na última temporada londrina com a associação The Magpie Project, que ajuda mães e crianças desabrigadas. Os casacos surgiram com mangas muito comprimidas, enquanto a maioria dos looks se revelou extra largos com cores fortes. A mãe de Williams tricotou algumas das peças e foi recompensada: a coleção celebra a infância, a maternidade e a família. (AFP)
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