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Slow fashion

Produções autorais ganham novo espaço colaborativo no Recife

Minimalismo e slow fashion guiam a Noi, nas Graças, Zona Norte do Recife, fortalecendo circuito de produções autorais no estado

Publicado em: 28/05/2018 10:04 | Atualizado em: 28/05/2018 10:09

A Noi será pautada pelo minimalismo e reunirá criações autorais de jovens marcas no mercado de economia criativa pernambucano. Foto: Sthefany Passos/Divulgação

Pelas mãos da pernambucana Sthefany Passos, sonhos são materializados em prata e dão à luz colares, brincos, anéis. Peças minimalistas e autorais que, por sua vez, acendem ideias valiosas na mente de sua criadora: à frente da Tout Joalheria Artesanal, Sthefany abrirá, no próximo dia 2 de junho, as portas de novo espaço dedicado ao segmento slow fashion no estado, a Noi.

Do italiano “nós”, o projeto consiste numa loja colaborativa onde marcas com identidade semelhante à da Tout, artesanais e atemporais, poderão somar forças e impulsos criativos, recebendo o público no bairro das Graças, Zona Norte do Recife. Selos locais como Vitalina, Tamarinda Store e Bela Bordadeira estarão entre os 17 participantes do empreendimento desde sua inauguração, somados a uma marca paulista e uma baiana, todos sob curadoria da idealizadora da Tout.

Tout, Vitalina, Bela Bordadeira e Tamarinda Store estão entre os selos locais participantes do projeto desde sua inauguração. Foto: Sthefany Passos/Divulgação


“Para buscar os parceiros para a Noi, fui atrás de marcas que tivessem produção autoral, artesanal e em pequena escala, que eu considero que sejam inspiradoras e verdadeiras. Achei importante, também, buscar marcas que fossem pequenas, que estivessem começando, pois acredito que as lojas colaborativas sejam muito importantes para uma marca começar. É uma oportunidade de vender seus produtos em um espaço físico com um custo bem mais baixo, sem a preocupação de administrar o lugar e, assim, poder focar integralmente na produção”, explica Sthefany. Para ela, a identificação entre os produtores e a troca de ideias entre eles despontam como tendência no mercado da moda e do empreendedorismo criativo em geral.

Minimalismo e slow fashion (movimento de moda sustentável) servirão de bússola para a trajetória da Noi, fortalecendo a cadeia de produções artesanais e do consumo consciente na capital pernambucana. São valores presentes em outros endereços colaborativos da cidade, como a Moinho Galeria (Empresarial Manguinhos - R. João Ramos, 50 – Graças), o Espaço Bora (Shopping Paço Alfândega - R. Alfândega, 35 – Bairro do Recife) e a itinerante Casa Viva Decor, instalada até o dia 30 de junho no Shopping RioMar (Av. República do Líbano, 251 – Pina). “Saber quem produziu ou como foi produzido aquele determinado produto se tornou um fator crucial na hora da decisão de compra. E o slow fashion é exatamente isso: feito em pequena escala, consciente do seu impacto social e ambiental, com pouca geração de resíduos e com preços justos”, avalia Sthefany. Ela comemora a crescente preferência de consumidores por movimentarem e incentivarem a produção local, deixando em segundo plano as grandes marcas tradicionais. É para eles que nasce a Noi.

>> SERVIÇO
Noi (@bemvindoanoi)
Onde: Rua do Futuro, 876 - Primeiro Andar. Graças
Funcionamento: De terça a sexta-feira, das 11h às 19h. Aos sábados, das 10h às 16h.
Como participar: www.bemvindoanoi.com/sejaumparceiro 

>> AS MARCAS PARTICIPANTES
12zero1, AlgoTão, Azulerde, Baunilha Haus, Bela Bordadeira, Cadernitos Patrícia Bahia, Figa Ateliê, Manilharia, Nous Sabonetes Artesanais, Soulze, Tout Joalheria Artesanal, Vitalina, Sr. Pallet, Tamarinda Store, Zezé Estúdio, Cravo Beachwear, Estúdio Laia.

>> ENTREVISTA: Sthefany Passos, jornalista e empreendedora criativa

Formada em comunicação social, Sthefany empreende e movimenta economia criativa local. Foto: Paulo Passos/Divulgação
Como avalia a fase atual da Tout? E qual o papel dela na construção da Noi?
A Noi é fruto de toda a experiência que tive com a Tout nos últimos três anos, seja em relação à construção da identidade de marca como a própria venda em espaços físicos, especialmente em outras lojas colaborativas. Como pequena produtora e microempresa com loja física própria, sei das dificuldades de se manter um negócio quando se é “pequeno” e acredito que a colaboração venha para quebrar barreiras: quem não poderia abrir loja antes, seja por motivos de faturamento ou qualquer outro, terá a Noi de portas abertas. Na Noi, tento colocar em prática e passar adiante os erros e acertos que tive com a Tout, e acredito que a Tout seja uma grande aliada, especialmente em termos de público, no nascimento da Noi. 

Para quem a Noi foi pensada?
A Noi terá produtos para ambos os sexos e diferentes faixas etárias, inclusive para crianças. Mas, sobretudo, teremos um público que consome a moda e o design autoral e slow fashion, que valoriza as pequenas empresas locais. Quero que a Noi seja um espaço de convivência onde eu possa unir marcas que tenham vontade e ânimo de crescer, trocar ideias, aprender, conversar e se ajudar. Como a grande maioria das marcas reunidas na loja tem menos de três anos de mercado, quero que a Noi vá além do espaço físico: no site da loja, também temos uma área de conteúdo voltado ao empreendedorismo, com dicas sobre branding, marketing digital, redes sociais, criação de conteúdo, gestão financeira. 

Para quem deseja participar da NOI, ainda há espaço? Como proceder?
Para participar basta preencher o formulario em www.bemvindoanoi.com/sejaumparceiro e aguardar o feedback da nossa curadoria. 

E a escolha do endereço da NOI? Considera o Bairro das Graças e suas imediações como um ponto inspirador?
O bairro das Graças é uma delícia! Gosto da região da Rua do Futuro pois é possível fazer muita coisa a pé: no quarteirão da Noi, temos restaurantes, cafés, livraria, o Parque da Jaqueira, outras lojas, enfim, é uma área muito rica em termos de atividades (é possível tirar uma tarde de sábado, por exemplo, pra fazer um passeio gostoso explorando o comércio local!). A Noi também fica ao lado da Tout, que é a “marca irmã”, pois acredito que os públicos de ambas sejam bem parecidos e que elas possam unir forças. 

Quanto a você, em que momento decidiu empreender no ramo da moda e qual a sua avaliação dessa jornada?
Não costumo pensar que estou no ramo da moda, mas no universo do empreendedorismo criativo como um todo. Gosto muito da parte de construção de identidade de marca e branding, passando pela comunicação e marketing (especialmente nas redes sociais), e tenho aprendido bastante e conhecido muitas pessoas inspiradoras desde que criei a Tout e, agora, a Noi. Não é fácil, já que não tenho sócios e cuido com todas as questões relacionadas às marcas sozinhas, então dedico a maior parte do meu tempo a isso. Mas com certeza tenho me divertido bastante, as experiências são sempre enriquecedoras e a oportunidade de conhecer pessoas novas e novos lugares através do meu trabalho é muito legal. Acho que essa troca é a melhor parte. 

Poderia citar um livro ou perfil virtual inspirador para quem deseja conhecer mais sobre o minimalismo e o slow fashion?
Essencialismo - A disciplinada busca por menos, de Greg McKeown. É um livro bem interessante que mostra o quanto nossas vidas podem ser bem menos complicadas se buscarmos somente aquilo que nos é essencial. 

As criações estarão disponíveis na loja a partir do dia 02 de junho, mas o espaço está aberto a acumular mais parceiros. Foto: Sthefany Passos/Divulgação


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