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Custos Combustível e custo com reparos de carros têm pesado no orçamento Além de os preços de carros e motos terem subido, aumentaram os valores das prestações, da dívida e do gasto total com a compra do veículo

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 23/11/2015 07:02 Atualizado em: 23/11/2015 07:06

Manter um carro está pesando cada vez mais no bolso do consumidor. Não bastasse o aumento dos combustíveis, custos com reparo e itens de automóveis estão subindo mesmo diante de um ambiente recessivo. Em outubro, os preços de pneus ficaram 5,8% mais caros em 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial de inflação. Foi a maior alta registrada em pelo menos três anos. Na mesma base de comparação, as despesas com conserto aumentaram 12,1%, acima da média geral para o período, de 9,9%.

A explicação para a alta dos preços mesmo com o arrefecimento da atividade econômica está justificada pelo aumento da demanda por veículos usados, avalia o economista sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes. No acumulado de um ano até outubro, foram comercializados 4,4 milhões de motos, carros e comerciais leves novos, quantidade 15,8% menor em relação a 12 meses imediatamente anteriores. Já no mesmo período, 14,1 milhões de seminovos foram vendidos, o que representou alta 3,4% na mesma comparação, de acordo com dados da Federação Nacional de Distribuição da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Como está mais caro comprar um automóvel 0km, seja porque a inflação está abocanhando boa parte do orçamento das famílias, ou devido ao crédito mais caro e escasso no mercado financeiro, alguns consumidores estão optando por motos ou carros usados que, dependendo das condições de uso, estão mais suscetíveis a demandar despesas com manutenção. %u201CEsse movimento não indica mais dinheiro no bolso. Conserto de automóvel é um exemplo clássico de efeito de substituição. Se a compra do veículo 0km fica difícil de concretizar, o consumidor vai atrás de outras opções%u201D, analisa.

O movimento de alta de produtos e serviços ligados a automóveis, no entanto, também se aplica às pessoas que já têm o veículo próprio. Em setembro de 2014, a taxa de juros média para aquisição de veículos estava em 22,8%. No mesmo mês deste ano, a taxa era de 25,6%, enquanto o prazo médio de pagamento permanece em 41,6 meses, segundo dados do Banco Central. Ou seja, além de os preços de carros e motos terem subido, aumentaram os valores das prestações, da dívida e do gasto total com a compra do veículo, destaca Bentes.

Comportamento
“Um carro usado que há um ano custava ao todo R$ 30,9 mil, já incluindo os juros, hoje, sai a R$ 33,9 mil. É um aumento de 9,8% que o consumidor quer evitar. Então, ele adia o desejo da troca e leva o veículo que tem para a oficina”, diz o economista. Tanto que os financiamentos de veículos estão caindo entre usados e novos. De acordo com pesquisa da Cetip, no acumulado de janeiro a outubro, o volume de carros novos financiados recuou 26,3%, enquanto o de usados contraiu 6,7%. Já o financiamento de motos novas registrou queda de 12,4%, e o de usadas, se retraiu em 3,8%.

Não apenas o crescimento da demanda está levando as oficinas a cobrarem mais pelos serviços. O aumento com custo da mão de obra e a pressão gerada pela alta da energia elétrica está levando donos de oficinas e grandes empresas a ajustarem suas tabelas de preços. O coordenador de Treinamento Técnico da Monroe – fabricante mundial de amortecedores –, Juliano Caretta, ressalta que, além disso, a alta do dólar impacta diretamente nos valores dos produtos, já que alguns insumos são importados.

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