Rússia reitera pleno apoio à Venezuela contra bloqueio naval dos EUA
O Kremlin já alertou que ações norte-americanas no Caribe podem ter consequências graves para a região e ameaçar a navegação internacional
Publicado: 22/12/2025 às 17:11
Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov (ALEXANDER ZEMLIANICHENKO/POOL/AFP)
Os ministros das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e da Venezuela, Yvan Gil, informaram que conversaram hoje sobre o bloqueio marítimo imposto pelos Estados Unidos a navios sancionados ligados à Caracas. "O lado russo confirmou o seu pleno apoio e toda a solidariedade à liderança e ao povo da Venezuela", apontou o chefe da diplomacia russo.
Gil também expressou séria preocupação com a escalada das ações de Washington nas águas do Caribe, próximo a costa do seu país. "As agressões e as flagrantes violações do direito internacional realizadas no Caribe; ataques a embarcações, execuções extrajudiciais e atos ilegais de pirataria cometidos pelo governo dos Estados Unidos. Lavrov destacou em nossa conversa que este tipo de agressão não pode ser tolerado e afirmou que a Rússia prestará total cooperação e apoio à Venezuela contra o bloqueio, manifestando o seu total apoio às ações empreendidas no âmbito do Conselho de Segurança da ONU", declarou o chanceler venezuelano.
Por sua vez, o Kremlin já alertou que ações norte-americanas no Caribe podem ter consequências graves para a região e ameaçar a navegação internacional.
Na semana passada, a China também anunciou o seu total apoio à Venezuela contra a estratégia da Casa Branca, que impõe desde o dia 17 de dezembro um bloqueio marítimo à Caracas contra navios sancionados por Washington por comerciarem com o país, que ainda terem alegadas ligações ao Irã e ao grupo xiita libanês Hezbollah.
Em contrapartida, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro acusa os EUA de "pirataria" pela apreensão de navios com petróleo do seu país e que tais medidas não fiquem impunes.
Por ouro lado, administração Trump assegura que a sua estratégia adotada com o regime de Maduro visa travar o narcotráfico e recuperar os direitos petrolíferos das empresas norte-americanas. Desde agosto que o presidente dos EUA, Donald Trump, pressiona militarmente a Venezuela, exigindo a sua saída, acusando também de ser o líder do Cartel dos Sóis. “A Venezuela usa os lucros da venda de petróleo do país para financiar a produção de drogas, assim como o narcoterrorismo, tráfico de seres humanos, assassinatos e sequestros", diz a Casa Branca.
O governo de Caracas nega veemente as acusações e afirma que Washington quer derrubar Maduro para se apoderar das reservas de petróleo do seu país, as maiores do planeta.
Nesta segunda-feira (22), a secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem, afirmou que Maduro tem de sair, acusando-o de manter atividades ilegais. "Não estamos apenas interceptando esses navios. Também estamos enviando uma mensagem para todo o mundo: a atividade ilegal em que Maduro está envolvido não pode ser tolerada. Ele tem de sair. Vamos defender o nosso povo. Portanto, não se esqueçam do que se trata. Este é um inimigo dos Estados Unidos contra o qual estamos tomando medidas enérgicas", disse.
A responsável pela Segurança Nacional dos Estados Unidos insistiu que o Governo de Maduro "usa os dólares" do negócio do petróleo para propagar drogas que "estão a matar a próxima geração de americanos".
No entanto, apesar das sanções impostas ao petróleo venezuelano, a multinacional norte-americana Chevron opera no país em associação com a estatal PDVSA ao abrigo de uma licença especial emitida pelo Departamento do Tesouro dos EUA.
A vice-presidente executiva e ministra dos Hidrocarbonetos da Venezuela, Delcy Rodríguez, informou que o navio "Canopus Voyager" partiu com petróleo venezuelano em direção aos Estados Unidos, em rigoroso cumprimento das normas e dos compromissos da indústria petrolífera nacional.