° / °
Mundo
Comportamento

Vida digital: Austrália bane jovens das redes sociais

Entra em vigor legislação que obriga as bigtechs a excluir usuários menores de 16 anos, em nome de preservar crianças e adolescentes de conteúdos julgados prejudiciais, como o assédio sexual

Correio Braziliense

Publicado: 10/12/2025 às 11:38

Brasília, 21/07/2023, A estudante Júlia, mexe em seu celular. Sonhos das juventudes: políticas ajudam a potencializar trajetórias e criar oportunidades. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil/Antônio Cruz/Agência Brasil

Brasília, 21/07/2023, A estudante Júlia, mexe em seu celular. Sonhos das juventudes: políticas ajudam a potencializar trajetórias e criar oportunidades. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil (Antônio Cruz/Agência Brasil)

Desde esta terça-feira (9/12), na Austrália, redes sociais como Instagram e TikTok, que frequentam o cotidiano dos adolescentes mundo afora, são território proibido para menores de 16 anos. As gigantes da internet que operam no país estão obrigadas a excluir as contas de usuários que não comprovarem a idade mínima exigida para acesso, sob pena de pagar multas de até 49,5 milhões de dólares australianos — o equivalente a US$ 33 milhões ou R$ 160 milhões.

A medida, praticamente sem precedentes em nível global, divide opiniões na mesma escala e através das faixas de idade: de um lado, os que apoiam a proteção de crianças e jovens contra conteúdos que caracterizam assédio e ódio racial ou de outra natureza; na oposição, os que apontam censura e defendem a liberdade irrestrita de expressão no ciberespaço.

A proibição atinge Facebook, Instagram, YouTube, TikTok, Snapchat, Reddit, Kick, Twitch, Threads e X. "Com muita frequência, as redes sociais não são nada sociais", argumenta o primeiro-ministro Anthony Albanese, do Partido Trabalhista (centro-esquerda).

"Ao contrário, são usadas como arma pelos assediadores, como plataforma para a pressão social, como motor da ansiedade, como veículo para os golpistas e, pior de tudo, como ferramenta para os predadores online." O governo de Canberra considera necessárias medidas drásticas para conter a propagação de "algoritmos predatórios" que invadem os smartphones com sexo e violência.

Albanese tem o apoio de pais como Mia Bannister, que culpa as redes sociais pelo suicídio do filho adolescente. Ollie tirou a própria vida no ano passado, após sofrer bullying na internet.

"Estou cansada de ver as bigtechs fugirem de sua responsabilidade", declarou à agência de notícias France Presse (AFP). Dany Elachi, pai de cinco filhos, concorda e sustenta que as restrições são um "limite" que deveria ter sido estabelecido há muito tempo.

A opinião é exatamente oposta entre os diretamente atingidos. "Não acredito que o governo realmente saiba o que está fazendo, e não acho que isso terá qualquer impacto nas crianças da Austrália", afirma Layton Lewis, 15 anos. Como muitas amigas e amigos, Layton questiona estudos em deferentes países que indicam que a internet, e em especial as redes, absorvem os jovens por tempo demais e prejudicam não apenas o desempenho escolar, mas também as relações familiares e sociais.

Entre as bigtechs, a determinação do governo australiano foi engolida a contragosto, embora sejam esperadas contestações no terreno jurídico. A Meta, dona do Facebook e do Instagram, criticou a medida, assim como o YouTube, que classificou a iniciativa como "precipitada". A imprensa local adianta que a Redditt estaria preparando uma contestação a ser apresentada no Supremo Tribunal, mas a empresa por ora evita confirmar a informação.

Mais de Mundo

Últimas

WhatsApp DP

Mais Lidas

WhatsApp DP

X