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ONU aponta que economia da Palestina retrocedeu mais de duas décadas

Segundo documento, o PIB da Palestina caiu para níveis de 2003, apagando 22 anos de progresso econômico em apenas 15 meses

Isabel Alvarez

Publicado: 26/11/2025 às 12:57

Palestinos deslocados permanecem em uma estrada após fortes chuvas na cidade de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, em 25 de novembro de 2025.Photo by Omar AL-QATTAA / AFP)/ AFP

Palestinos deslocados permanecem em uma estrada após fortes chuvas na cidade de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, em 25 de novembro de 2025.Photo by Omar AL-QATTAA / AFP) ( AFP)

A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento publicou o relatório sobre a situação econômica nos territórios palestinos. Segundo o documento, o Produto Interno Bruto (PIB) da Palestina caiu para níveis de 2003, apagando 22 anos de progresso econômico em apenas 15 meses. Atualmente, o PIB per capita é um dos mais baixos do mundo assim como o Índice de Desenvolvimento Humano.

Em Gaza, a crise é considerada a mais severa já registrada, de acordo com o Programa de Dados sobre Conflitos de Uppsala, na Suécia, citado no texto da ONU, que lamentou a perda de 69 anos de desenvolvimento humano, acrescentando a destruição em larga escala de infraestruturas essenciais, como hospitais, escolas, bancos e habitações.

Além disso, agora as condições humanitárias se agravaram devido às chuvas torrenciais. Os campos de refugiados onde vivem milhares de pessoas estão inundados e as tempestades estão estragando as reservas de alimentos e medicamentos indispensáveis à população.

O relatório acrescenta que 98% dos bancos que operavam na região fecharam e pelo menos 92% das habitações ficaram destruídas. O desemprego atingiu mais de 80% no enclave, o que coloca toda a população de Gaza abaixo do limiar da pobreza. O crescimento econômico, num cenário otimista de taxas de crescimento facilitado por significativa ajuda externa, pode, mesmo assim, levar décadas.

Mas, a situação também piorou muito na Cisjordânia causada pela expansão dos assentamentos ilegais israelenses e das restrições aos recursos econômicos, revelando
que a Palestina se encontra na pior crise fiscal até o momento, que resulta da continuação do cumprimento do Protocolo de Paris, expirado em 1999.

Este protocolo, assinado em 1994 entre Israel e Palestina, prevê a arrecadação de impostos por parte do governo israelense de todas as importações palestinas e transfere a receita para o governo palestino mensalmente, o que, de acordo com o relatório, deixa mais de dois terços da receita fiscal palestina sob controle de Israel, que pode e, por várias vezes faz suspender transferências e aplicar deduções unilaterais, algo que tem acontecido desde 2019 e aumentou consideravelmente a partir de 2023.

Enquanto isso, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina reportou a morte de quase 50 crianças em 2025, classificando como a mais grave crise humanitária em décadas na Cisjordânia. Além disso, mais de 12 mil permanecem deslocadas à força devido à violência e à crise.

Em outubro passado, a violência dos colonos israelenses na Cisjordânia ocupada atingiu patamares recordes. Somente no mês passado, os colonos destruíram cerca de 3 mil oliveiras, cruciais para a economia palestina em dificuldades.

A comissão palestina encarregada de recolher dados sobre a violência israelense na Cisjordânia, a Comissão do Muro e dos Assentamentos, estimou que os colonos realizaram mais de 140 ataques contra agricultores ou explorações agrícolas desde agosto.

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