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ORIENTE MÉDIO

Israel volta a atacar Gaza após anunciar a retomada da trégua

Os ataques israelenses durante a última noite mataram mais de 100 pessoas, incluindo dezenas de crianças, segundo relataram autoridades médicas da região

Isabel Alvarez

Publicado: 29/10/2025 às 17:33

Ataque israelense na Faixa de Gaza / AFP

Ataque israelense na Faixa de Gaza ( AFP)

As forças israelenses reivindicaram nesta quarta-feira (29) um ataque direcionado no norte da Faixa de Gaza a um depósito, que segundo o exército, continham armas.

O Exército israelense havia dito anteriormente que retomava o cessar-fogo com o Hamas em Gaza, após intensos bombardeios no território palestino. Os ataques israelenses durante a última noite mataram mais de 100 pessoas, incluindo dezenas de crianças, segundo relataram autoridades médicas da região.

"O Exército realizou hoje um ataque preciso na zona de Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza, visando uma infraestrutura terrorista onde estavam armazenadas armas e meios aéreos, destinadas a serem usados num iminente ataque terrorista contra soldados israelenses e o Estado de Israel", diz o comunicado militar.

O porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmoud Bassal, disse que uma pessoa morreu nesta ofensiva aérea em Beit Lahia.


“As notícias de que mais de 100 palestinos foram mortos durante a noite numa onda de ataques aéreos israelenses, principalmente contra edifícios residenciais, tendas de deslocados internos e escolas na Faixa de Gaza, na sequência da morte de um soldado israelense, são aterradoras. As leis da guerra são muito claras quanto à importância primordial de proteger os civis e as infraestruturas civis”, denunciou Volker Turk, chefe das Nações Unidas para os direitos humanos.
Turk apelou à comunidade internacional para que não desperdice esta oportunidade de paz e de caminho para um futuro mais justo e seguro.

Por sua vez, antes dos bombardeios aéreos, Israel argumentou que o Hamas violou o cessar-fogo e matou um soldado israelense na terça-feira (28) em Rafah, no sul do enclave palestino. O grupo negou as alegações.

Além disso, a decisão de atacar Gaza foi tomada ainda no seguimento de um incidente relacionado com a entrega de um corpo de um refém mantido na região, que ocorreu na última segunda-feira à noite. Isto porque as análises forenses revelaram que os restos mortais devolvidos pelo Hamas pertenciam a um antigo refém já recuperado e sepultado há quase dois anos e não a um dos 13 corpos que ainda faltam ser entregues.

O primeiro-ministro do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, declarou que o seu país e outros mediadores estão empenhados de uma forma muito intensa em garantir a manutenção da trégua em Gaza. “Felizmente, penso que as principais partes reconhecem que o cessar-fogo deve ser mantido e que devem cumprir o acordo”, afirmou,

A União Europeia também pediu a todas as partes para que respeitem o cessar-fogo em Gaza. “Reiteramos o nosso apelo a todas as partes para que continuem a respeitar o cessar-fogo. Exortamos todas as partes a se empenharem plenamente na aplicação de todas as fases do plano para pôr termo ao conflito em Gaza e a se absterem de qualquer ação que possa pôr em risco o acordo. Não há solução militar para este conflito”, afirmou o porta-voz da Comissão Europeia, Anouar El Anouni

“Precisamos de uma oportunidade para a paz, não de desculpas para novos ataques”, acrescentou Teresa Ribera, vice-presidente da Comissão Europeia,

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, manifestou a sua profunda preocupação após a noite mais mortífera de bombardeios em Gaza desde a entrada em vigor do cessar-fogo. “Apelamos a Israel para que exerça contenção militar a fim de evitar mais sofrimento”, comentou Wadephul antes de uma viagem planejada à região.

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