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Papa e rei Charles III rezam juntos em cerimônia histórica

O rei Charles III se encontrou com o papa Leão XIV nesta quinta-feira (23)

AFP

Publicado: 23/10/2025 às 08:58

O Papa Leão XIV se despede do Rei Charles III e da Rainha Camilla no pátio de San Damaso durante sua visita de Estado ao Vaticano em 23 de outubro de 2025. (Foto de Alberto PIZZOLI / AFP)/ AFP

O Papa Leão XIV se despede do Rei Charles III e da Rainha Camilla no pátio de San Damaso durante sua visita de Estado ao Vaticano em 23 de outubro de 2025. (Foto de Alberto PIZZOLI / AFP) ( AFP)

O rei Charles III se tornou nesta quinta-feira (23) o primeiro monarca britânico a rezar publicamente com um papa, desde o cisma anglicano, há cinco séculos, durante uma celebração presidida por Leão XIV na Capela Sistina. 

A cerimônia combinou tradições católicas e anglicanas e marca uma nova aproximação entre as duas Igrejas. O serviço, que durou quase 30 minutos, foi inédito desde o nascimento do anglicanismo em 1534, quando o rei Henrique VIII rompeu com Roma.

O papa Leão XIV e o arcebispo de York, Stephen Cottrell, presidiram a celebração sob os famosos afrescos de Michelangelo, na presença de prelados católicos e anglicanos, assim como de líderes políticos e diplomatas.

O coral da Capela Sistina acompanhou o coral da Capela de São Jorge de Windsor e o tema central da oração foi a proteção da natureza, um sinal da convergência entre as duas igrejas em questões ambientais.

Minutos antes, o papa Leão XIV recebeu o monarca de 76 anos, que atua como governador supremo da Igreja da Inglaterra, em uma audiência privada.

O pontífice foi nomeado chefe da Igreja Católica em maio, após a morte de seu antecessor, Francisco.

Charles III, acompanhado de sua esposa Camilla, falou com o papa em inglês em um ambiente cordial e trocaram presentes, de acordo com imagens divulgadas pelo Vaticano.

A visita ocorre em um momento delicado para Charles III, quando seu irmão Andrew enfrenta novas e comprometedoras revelações no caso do criminoso sexual Jeffrey Epstein.


"Acontecimento histórico"


A religião anglicana nasceu em 1534, em uma cisão causada pelo rei Henrique VIII da Inglaterra, devido à recusa do papa em anular seu casamento com Catarina de Aragão.

Em 1961, a mãe de Charles III, Elizabeth II, tornou-se a primeira monarca britânica a visitar o Vaticano desde o cisma entre católicos e anglicanos.

"É um evento histórico", disse William Gibson, professor de História Eclesiástica na Universidade Oxford Brookes, à AFP.

Gibson observou que o soberano britânico é obrigado por lei a ser protestante.

"De 1536 a 1914, não houve relações diplomáticas oficiais entre o Reino Unido e a Santa Sé", explicou o professor universitário.

O Reino Unido só abriu uma embaixada no Vaticano em 1982.

Em 2013, a lei foi levemente flexibilizada para permitir que membros da família real que se casassem com católicos mantivessem seu lugar na ordem de sucessão, explicou Gibson. Até então, se o fizessem, teriam que renunciar a qualquer aspiração ao trono.

Ao contrário da Igreja Católica romana, a Igreja Anglicana ordena mulheres e permite que padres se casem.

Pela primeira vez em sua história, a Igreja Anglicana acaba de nomear uma mulher como sua autoridade máxima: Sarah Mullally, de 63 anos, mãe de dois filhos, que assumirá suas funções oficiais em janeiro de 2026.


Vinte milhões de batizados


Charles III e Camilla também participarão de outro serviço religioso nesta quinta-feira na Basílica de São Paulo Extramuros, em Roma.

Nesta cerimônia, o rei será nomeado "confrade real"; um assento especial foi criado para o monarca para este cargo. Ele permanecerá na basílica e poderá ser usado no futuro por seus sucessores ao trono britânico.

O casal real se encontrou em caráter particular com o antecessor de Leão XIV, o papa Francisco, em 9 de abril, 12 dias antes da morte do pontífice argentino.

Charles III foi representado por seu filho William no funeral do jesuíta argentino e, em seguida, por seu irmão, o príncipe Edward, na missa de entronização de Leão XIV em 18 de maio.

A Igreja da Inglaterra, em declínio, tem cerca de 20 milhões de fiéis batizados, mas calcula que seus fiéis praticantes são pouco menos de um milhão, segundo estatísticas de 2022.

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