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México consegue prorrogar em 90 dias negociações tarifárias com os EUA

Segundo os especialistas, o adiamento reflete meses de trabalho de bastidores da presidente mexicana Claudia Sheinbaum

Isabel Alvarez

Publicado: 07/08/2025 às 14:23

 Handout picture released by the Mexican Presidency shows Mexico's President Claudia Sheinbaum smiling during her daily press conference at the National Palace in Mexico City on May 09, 2025. Mexico has sued Google for changing the Gulf of Mexico's name to

Handout picture released by the Mexican Presidency shows Mexico's President Claudia Sheinbaum smiling during her daily press conference at the National Palace in Mexico City on May 09, 2025. Mexico has sued Google for changing the Gulf of Mexico's name to "Gulf of America" for Google Maps users in the United States, Sheinbaum said. (Photo by Handout / PRESIDENCIA DE MEXICO / AFP) / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / PRESIDENCIA DE MEXICO / HANDOUT / " - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS ( PRESIDENCIA DE MEXICO / AFP)

O México foi o único país que conseguiu ampliar por 90 dias as negociações comerciais com os Estados Unidos, após a imposição de pesadas tarifas a dezenas de outros países na quinta-feira (6).

Segundo os especialistas, o adiamento reflete meses de trabalho de bastidores da presidente mexicana Claudia Sheinbaum para desenvolver um relacionamento com o presidente norte-americano Donald Trump. Além do mais, o México é o maior parceiro comercial dos EUA, e tem evitado, em grande parte, os ataques retóricos ou tarifas retaliatórias, como fez o primeiro-ministro canadense. E apesar de os dois líderes ainda não terem se encontrado pessoalmente, após o cancelamento de um encontro marcado no Canadá, na cúpula do G7 em junho, fontes governamentais disseram que eles se falam regularmente por telefone.

"Ela fez um trabalho magistral. Ela nunca morde a isca. Ela nunca sai na frente dele”, elogia Michael Camuñez, ex-secretário assistente de Comércio da Administração de Comércio Internacional (IAC) durante o governo de Barack Obama.

Muitas autoridades mexicanas e americanas afirmam que Sheinbaum sabe conduzir habilmente por uma dinâmica desafiadora. A presidente do México também conta com um grupo de assessores que conhecem bem os EUA, incluindo alguns que serviram no governo mexicano durante o primeiro mandato de Trump, como o Secretário de Economia, Marcelo Ebrard, e de importantes líderes empresariais mexicanos com laços com Trump. Ela também conquistou a reputação pela abordagem baseada em dados que adota em suas conversas com o presidente norte-americano, inclusive citando dados dos próprios EUA para mostrar a Trump que as apreensões de fentanil na fronteira EUA-México caíram drasticamente.

O amplo apoio popular de Sheinbaum ainda lhe deu a liberdade interna para abordar algumas das preocupações de Trump, incluindo sua decisão antecipada de enviar 10 mil solados para a fronteira com os EUA. “Sua disciplina, sua mensagem, seu diálogo e sua adaptação com os EUA em questões de segurança e migração contribuíram. E, considerando que Trump às vezes costuma fazer comentários improvisados, isso evitou que fossem direcionados para algo maior só porque Trump estava irritado com alguma coisa”, apontou uma ex-autoridade americana, sob anonimato, que trabalhou em questões entre EUA e México durante o primeiro governo Trump.

Várias autoridades da Casa Branca também confirmam que a disposição de Sheinbaum em cooperar nas principais prioridades de Trump, a migração e fentanil, rendeu um bom retorno de Washington. Além do envio de tropas e dos esforços de extradição, Sheinbaum intensificou o combate às drogas apreendendo os fabricantes de fentanil, invadindo laboratórios de opioides e prendendo membros de cartéis.

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