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EUA cancelam financiamento de vacinas contra gripes e Covid-19

De acordo com o secretário de saúde dos EUA, estas vacinas 'não fornecem proteção eficaz'

Isabel Alvarez

Publicado: 07/08/2025 às 12:31

O Secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., discursa antes da assinatura de uma ordem executiva que reinicia o Teste de Aptidão Física Presidencial em escolas públicas na Sala Roosevelt da Casa Branca, em Washington, DC, em 31 de julho de 2025. (Foto de Jim WATSON / AFP)/ AFP

O Secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., discursa antes da assinatura de uma ordem executiva que reinicia o Teste de Aptidão Física Presidencial em escolas públicas na Sala Roosevelt da Casa Branca, em Washington, DC, em 31 de julho de 2025. (Foto de Jim WATSON / AFP) ( AFP)

O secretário da Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., anunciou o cancelamento de contratos e o corte no financiamento de 22 investimentos, num total de cerca de 500 milhões de dólares, do desenvolvimento de várias vacinas de mRNA, tecnologia que salvou milhões de vidas durante a pandemia de Covid-19.

"Examinamos os dados científicos, ouvimos os especialistas e estamos tomando medidas. Os dados mostram que estas vacinas não fornecem uma proteção eficaz contra as infecções do trato respiratório superior, como a Covid-19 e a gripe", alegou, desvalorizando ainda a segurança das inoculações, enfatizando que a tecnologia mRNA representa mais riscos do que benefícios para estes vírus respiratórios.


O secretário também disse que as inoculações mRNA podem motivar novas mutações e prorrogar pandemias porque os vírus sofrem constantes mutações para escapar aos efeitos protetores das vacinas.

Os 22 projetos são conduzidos por algumas das principais empresas farmacêuticas norte-americanas, como a Pfizer e a Moderna, para prevenir infecções e oferecer proteção conta os vírus da gripe aviária, suína e Covid-19.

“Os fundos serão agora redirecionados para "plataformas de vacinas mais seguras e mais abrangentes, que permanecem eficazes mesmo com as mutações dos vírus”, afirmou, sem especificar quais serão essas plataformas.


Robert Kennedy Jr., é conhecido pelo seu ceticismo e as criticas em relação a vacinas, sendo famoso por ser um ativista antivacina. Desde que assumiu a Secretaria de Saúde já fez várias ações controversas para mudar o modo como o Departamento de Saúde desenvolve e regulamenta as vacinas. Dentre elas, em junho, demitiu todos os 17 membros de um comitê que lançava recomendações oficiais do Governo sobre imunizações, substituindo-o com pessoas que criticam publicamente a segurança e a eficácia das vacinas. Além do mais, retirou a vacina contra a covid-19 do plano de imunização recomendado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças para crianças saudáveis e mulheres grávidas e se recusou a fazer uma defesa da vacinação mesmo diante do agravamento de um surto de sarampo que assolou certas regiões do país.

Recentemente ainda ameaçou impedir que cientistas do governo publicassem seus trabalhos em grandes jornais e revistas médicas do mundo, que, segundo ele, são influenciadas por empresas farmacêuticas. “A menos que esses periódicos mudem drasticamente, vamos impedir que os cientistas do NIH (National Institute of Health) publiquem neles e vamos criar nossos próprios periódicos internamente”, indicou, se referindo aos Institutos Nacionais de Saúde, uma agência do HHS (Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA), que é o maior financiador de pesquisas em saúde do mundo.

Especialistas alertam para os riscos das medidas


A tecnologia mRNA é um sucesso científico e desempenhou um papel decisivo na pandemia de covid-19, permitindo o desenvolvimento de vacinas eficazes em grande velocidade.


Os especialistas em doenças infecciosas afirmam que a tecnologia de mRNA utilizada nas vacinas é segura, e creditam seu desenvolvimento ter ajudado decisivamente a conter a pandemia de coronavírus em 2020. Eles alertam que futuras pandemias serão mais difíceis de controlar sem a ajuda da tecnologia de mRNA.


Peter Lurie, ex-funcionário da agência federal do Departamento de Saúde dos EUA (FDA), advertiu que o país está virando as costas a uma das ferramentas mais promissoras para combater a próxima pandemia.

As vacinas de mRNA ensinam as células a produzir proteínas que podem desencadear uma resposta imunitária. As inoculações deste tipo da Moderna e da Pfizer foram testadas em milhares de pessoas antes de serem lançadas no mercado e são consideradas seguras e eficazes. A bioquímica húngara Katalin Karikó e o imunologista norte-americano Drew Weissman ganharam o premio Nobel de Medicina de 2023 pelas vacinas de mRNA contra Covid-19.

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