Europa enfrenta calor e seca extrema além de incêndios
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) classificou o fenômeno como um "assassinato silencioso"
Publicado: 04/07/2025 às 14:07

Onda de calor (Divulgação/ Organização Meteorológica Mundial)
O calor e a seca extrema em grande parte da Europa estão causando incêndios em vários países, com impactos severos no ambiente e também na saúde pública.
Na Grécia, na ilha de Creta, os bombeiros combatem, pelo terceiro dia consecutivo, um fogo de grandes proporções, que fez milhares de desalojados, entre moradores e turistas, obrigando à retirada de cinco mil pessoas de hotéis e residências. Na Turquia e na Alemanha os incêndios já provocaram vítimas.
Uma intensa onde de calor ainda afeta a região dos Bálcãs Ocidentais que ameaçam o abastecimento de água. Na Albânia, os termômetros chegaram aos 40ºC, com previsão de ausência de chuva até setembro. A seca obrigou o governo a criar sistemas de irrigação de emergência para proteger culturas agrícolas que alimentam milhares de famílias.
Na Sérvia, a seca extrema compromete colheitas e a baixa drasticamente os níveis dos rios e lagos, impondo restrições no consumo de água potável em inúmeras localidades. As autoridades locais informaram que a produção de energia hidroelétrica foi fortemente prejudicada, forçando o gasto de 60 milhões de euros na importação de eletricidade só no primeiro semestre deste ano.
No Kosovo, a falta de água obrigou ao fechamento da piscina do parque Germia, uma das maiores da Europa, privando a população de um espaço para se proteger do calor. Na Bósnia, as temperaturas atingiram hoje 41ºC, deixando ruas desertas.
Nesta semana a Espanha atingiu um novo recorde de temperatura, com 46ºC em Granada, no sul do país. Na França, devido às temperaturas extremas muitas escolas tiveram que ser fechadas, as atividades ao ar livre foram canceladas e a visitação a Torre Eiffel foi suspensa. Em Paris, os termômetros chegaram a 42°C. O país registrou o mês de junho mais quente desde o início dos registros meteorológicos, em 1900.
Já Portugal teve temperaturas máximas de 46,6ºC em Mora, na província de Évora. Segundo a Direção-Geral da Saúde, o calor intenso em Portugal causou 69 mortes, sobretudo em pessoas idosas.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) classificou o fenômeno como um "assassinato silencioso", e afirmou que o calor intenso está se tornando mais frequente e severo por causa das mudanças climáticas geradas pelas atividades humanas.
Agravamento da crise climática
Enquanto isso, o hemisfério sul sofre com um inverno gelado que está atingindo temperaturas mínimas históricas e causou a morte de 15 pessoas esta semana na América do Sul durante um intenso frio recorde.
Na Argentina, Chile e Uruguai, uma massa de ar polar proveniente da Antártida fez as temperaturas descerem muito abaixo de zero. Na Argentina, nove pessoas sem-abrigo morreram em consequência direta do frio, segundo a ONG Project 7. Buenos Aires registrou -1,9ºC, o valor mais baixo em 34 anos. O governo argentino teve que interromper o fornecimento de gás às indústrias e aos postos de combustível para assegurar o abastecimento doméstico. Mesmo assim milhares ficaram sem eletricidade devido à procura extrema.
A onda de frio ainda fez nevar em zonas pouco habituadas ao fenômeno, incluindo praias atlânticas argentinas e partes do deserto do Atacama, no Chile, conhecido por ser o mais seco do mundo. No Uruguai, seis pessoas morreram de frio, levando as autoridades a declarar alerta vermelho e a recolher pessoas em situação de sem-abrigo.

