Conferência da ONU relança o financiamento para o desenvolvimento mundial e firma acordo
O evento decorre até a próxima quinta-feira
Publicado: 30/06/2025 às 15:42

Sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York (Daniel Slim/AFP)
Centenas de líderes mundiais e mil representantes da sociedade civil estão reunidos na conferência das Nações Unidas em Sevilha, na Espanha, sobre o financiamento para o desenvolvimento mundial, que ocorre dez anos após a última cúpula deste setor. O evento decorre até a próxima quinta-feira.
Mais de 190 países membros das Nações Unidas adotaram hoje formalmente o documento ‘Compromisso de Sevilha’, que pretende criar uma nova arquitetura para a cooperação internacional e o financiamento para o desenvolvimento, que enfrenta cortes e déficits de 4 bilhões de dólares anuais. O ‘Compromisso de Sevilha’ foi primeiramente negociado na ONU, no comitê de preparação da conferência.
O acordo terá novos mecanismos para mobilizar mais recursos, incluindo maior atração do setor privado, mais flexibilidade e agilidade por parte dos bancos de investimento, novos fóruns e regras para gestão das dívidas soberanas ou políticas fiscais internacionais e nacionais mais transparentes. O documento pretende, além disso, que os processos de decisão relativos a dívidas públicas e investimentos tenham maior participação dos países em desenvolvimento, sublinhando que só com mais cooperação internacional e o reforço do sistema multilateral é possível combater a pobreza e promover o progresso global.
Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu que há vontade sólida na comunidade internacional no relançamento da cooperação e o financiamento ao desenvolvimento, apesar do momento complicado em termos da geopolítica mundial.
No entanto, a conferência de relançamento da cooperação global não conta com os Estados Unidos, o maior doador da comunidade internacional, que decidiu cortar ajudas humanitárias e apoios a programa de desenvolvimento e combate à pobreza desde que Donald Trump retomou a Casa Branca. Os EUA é o único país dos 193 que integram a ONU que não está representado na Conferência, tendo se retirado inclusive das negociações do ‘Compromisso de Sevilha’ e não subscrevem o documento, mas não o bloqueou.
Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu que há vontade sólida na comunidade internacional no relançamento da cooperação e o financiamento para mudar o sistema e permitir que os países em desenvolvimento se beneficiem do progresso, mesmo com o momento complicado e com os países tão divididos em termos da geopolítica mundial. "Sejamos claros, esta conferência ocorre num dos momentos mais difíceis que já testemunhei na minha vida pública", disse.
Guterres ressaltou a multiplicação de conflitos e as tensões no sistema multilateral que estão aumentando as dificuldades dos países em desenvolvimento e as respostas de que precisam, em fatores como clima, gestão das dívidas soberanas e de todos os aspectos do desenvolvimento. Entretanto, o chefe da ONU, apesar disso, e até tendo em conta Deste cenário saudou que se tenha conseguido aprovar um acordo. “O Compromisso de Sevilha representa um passo em frente no relançamento da mobilização de recursos para financiar o desenvolvimento e da cooperação internacional para combater a pobreza. É melhor liderarem a reforma do sistema agora do que esperarem e eventualmente sofrerem resistências mais tarde, quando as relações de poder mudarem. Acredito que as reformas propostas em Sevilha são absolutamente necessárias tanto para os países em desenvolvimento como desenvolvidos. Há muitas formas de multiplicar os recursos disponíveis se houver vontade política para fazê-lo. Se os EUA estivessem a bordo, seria excelente, mas pode ser feito, de qualquer maneira, por aqueles que tiverem vontade de realizá-lo”, declarou.
O secretário-geral das Nações Unidas apelou também pelo fim dos conflitos que se multiplicam e perpetuam no mundo e sublinhou que a paz sustentável exige desenvolvimento sustentável, num contexto em que há cada vez maiores orçamentos destinados à Defesa e caem os da ajuda pública ao desenvolvimento.

