Macron ameaça impor sanções a Israel e diz que Estado palestino deve ser reconhecido
Segundo Macron, no caso de não haver uma significativa mudança de Israel, a União Europeia deve pôr fim a processos que pressupõem o respeito pelos direitos humanos e aplicar sanções
Publicado: 30/05/2025 às 15:19

O presidente francês Emmanuel Macron (Ludovic MARIN/AFP)
Nesta sexta-feira (30), o presidente da França, Emmanuel Macron, ameaçou impor sanções contra Israel se continuar a bloquear ou limitar a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
“O bloqueio humanitário está criando uma situação insustentável no terreno. Se não houver resposta nos próximos dias que esteja à altura da situação humanitária que se apresenta, a Europa deve endurecer a nossa posição coletiva contra Israel. Neste momento, a Europa está dando carta-branca a Israel. No entanto, se continuarmos a darmos carta-branca a Israel, estaremos arruinando a nossa própria credibilidade. Temos de endurecer a nossa posição porque hoje é uma necessidade, mas ainda tenho esperança que o governo de Israel mude a sua e que finalmente tenhamos uma resposta humanitária", afirmou.
Segundo Macron, no caso de não haver uma significativa mudança de Tel Aviv, a União Europeia deve aplicar as regras do bloco comunitário, que será pôr fim a processos que pressupõem o respeito pelos direitos humanos e aplicar sanções, se referindo ao acordo de associação entre os membros da UE e Israel que será reavaliado.
“Mas, temos de trabalhar também para o reconhecimento de um Estado palestino. Não é apenas um dever moral, mas uma exigência política”, declarou, acrescentando que Paris está empenhada em trabalhar para uma solução política e reiterou o seu apoio a uma solução de dois Estados para o conflito israelense-palestino.
Recentemente o presidente francês já admitiu que a França deverá reconhecer o Estado da Palestina, que Tel Aviv criticou e apontou como uma “recompensa ao terrorismo.
A França co-preside com a Arábia Saudita, entre 17 a 20 de junho, a conferência internacional nas Nações Unidas, em Nova Iorque, sobre a chamada solução dos dois Estados, israelense e palestino. Entretanto, o líder francês considerou que a criação do Estado da Palestina esta sujeito sob certas condições, entre eles, a libertação dos reféns, desmilitarização do Hamas e a não participação do grupo na liderança de um futuro Estado palestino, uma reforma da Autoridade Palestina, que administra a Cisjordânia ocupada, o reconhecimento, pelo futuro Estado, de Israel e do direito de viver em segurança além da criação de uma arquitetura de segurança em toda a região.
"É isso que tentaremos consagrar num momento importante em 18 de junho, e eu estarei lá", completou.
Em contrapartida, Israel acusou hoje Macron de empreender uma cruzada contra o Estado judeu. “Não há um bloqueio humanitário. Isso é uma mentira descarada. Quase 900 caminhões de ajuda humanitária já entraram em Gaza esta semana. Mas, ao invés de pressionar os terroristas jihadistas, Macron quer recompensá-los com um Estado palestino”, disse o Ministério das Relações Exteriores israelense.
Por outro lado, o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA), assegura que Israel bloqueia a entrada em Gaza de quase toda a ajuda humanitária e que quase nenhum alimento entrou. O porta-voz da OCHA, Jens Laerke, descreveu Gaza como o lugar mais faminto do mundo e afirmou que apenas 600 dos 900 caminhões de ajuda foram autorizados a chegar à fronteira de Israel com o enclave e que, a partir daí, uma série de obstáculos burocráticos e de segurança tornaram praticamente impossível o transporte seguro de ajuda para a região. "O que temos conseguido trazer é farinha. 100% da população de Gaza está em risco de fome", lastimou Larke.
Já o porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, Tommaso della Longa, acrescentou que metade das suas instalações médicas na região estão desativadas por falta de combustível ou de equipamento médico.
Enquanto isso, a Alemanha vai decidir se aprova ou não o envio de mais armas para Israel com base na situação humanitária em Gaza, informou Johann Wadephul, ministro das Relações Exteriores alemão dos Negócios Estrangeiros numa entrevista.
Além disso, Wadephul questionou se o que está acontecendo em Gaza está em linha com a lei internacional.

