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CISJORDÂNIA

Israel avança com mais 22 assentamentos na Cisjordânia

A colonização israelense também é regularmente denunciada pelas Nações Unidas como ilegal ao abrigo do direito internacional

Isabel Alvarez

Publicado: 29/05/2025 às 18:37


A aldeia palestina de Khirbet Abu Falah foi incendiada por colonos/ZAIN JAAFAR/AFP

A aldeia palestina de Khirbet Abu Falah foi incendiada por colonos (ZAIN JAAFAR/AFP)

Nesta quinta-feira (29), o governo israelense anunciou à criação de 22 novos assentamentos na Cisjordânia ocupada.


A medida pode comprometer as relações com grande parte da comunidade internacional, uma vez que a escalada militar de Israel em Gaza somando-se aos altos índices de mortes e fome tem gerado cada vez mais críticas, incluindo dos aliados mais próximos do país.

As 22 colônias estão planejadas por toda a Cisjordânia, de norte a sul, passando pelo centro, fragmentando ainda mais um território dividido.

“Sob a direção do ministro da Defesa, Israel Katz, e do ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, o gabinete político-segurança aprovou uma decisão histórica de criar 22 novos colônias em toda a Judeia-Samaria”, declaram em conjunto os dois ministros.

Smotrich é um colono de extrema-direita, ultraortodoxo e é também o responsável pela gestão civil da Cisjordânia, tendo já tinha dito que a sua missão de vida é impedir a criação de um Estado palestino. “Não tomamos terras estrangeiras, mas a herança dos nossos antepassados. O passo seguinte é a soberania”, escreveu hoje na rede social.

“Consolida o direito histórico à Terra de Israel e constitui uma resposta esmagadora ao terrorismo palestino. Trata-se ainda de uma medida estratégica que impede a criação de um Estado palestino que colocaria Israel em perigo”, acrescentou Katz.

A ONG israelense anticolonização Peace Now condenou a decisão, afirmando que o governo israelense já não esconde os seus objetivos de anexação. “Em julho de 2024, Israel aprovou a maior apropriação de terras na Cisjordânia ocupada em mais de três décadas. O governo israelense já não finge o contrário: a anexação dos territórios ocupados e a expansão dos assentamentos são o seu principal objetivo.”, diz o comunicado da organização. A decisão do Conselho de Ministros de criar 22 novos colônias, a maior iniciativa do tipo desde os Acordos de Oslo, nos termos dos quais Israel se comprometeu a não criar novos assentamentos, irá remodelar dramaticamente a Cisjordânia e reforçar ainda mais a ocupação”, diz o comunicado da organização.

A colonização de Israel também é regularmente denunciada pelas Nações Unidas como ilegal ao abrigo do direito internacional e como um dos principais obstáculos a uma solução de paz duradoura entre israelenses e palestinos, agravando e até inviabilizando a criação de um Estado da Palestina.

A França, juntamente com a Arábia Saudita, deverá presidir, em junho, uma conferência da ONU destinada a promover uma solução de paz com “dois Estados”, com Israel e uma Palestina independente e plenamente soberana, vivendo lado a lado e em harmonia.


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