Beto Lago: 'As primeiras falas de Ítalo Rodrigues foram de alertas para o torcedor do Sport'
Não se trata apenas de discurso responsável e transparente, mas de um alerta duro: o clube ainda opera no modo sobrevivência
Publicado: 30/12/2025 às 08:01
Ítalo Rodrigues e Matheus Souto Maior, executivo e presidente do Sport (Paulo Paiva/ Sport )
A realidade é pesada
A primeira fala de Ítalo Rodrigues como novo executivo de futebol do Sport, foi muito realista, aumentando a apreensão do torcedor rubro-negro. Mais do que saber quem será o próximo reforço, ou quem fica e quem sai deste atual grupo, a coletiva mostrou bem como o clube está engessado financeiramente, refém das próprias dívidas e obrigado a jogar um campeonato paralelo fora das quatro linhas. Não se trata apenas de discurso responsável e transparente, mas de um alerta duro: o clube ainda opera no modo sobrevivência, não no de planejamento. Dentro desse cenário, o recado foi cristalino. Jogador midiático não virá. Nome de impacto, com salário alto, ou contratação que empolgue a arquibancada deve ficar fora do radar – a não ser que um patrocinador queira bancar esse presente para o seu torcedor. Um Leão que em 2026 joga no limite, onde não se pode errar em nenhuma contratação. As prioridades são outras e todas elas complexas, urgentes e pouco visíveis ao torcedor, como ajuste de folha, renegociação de contratos e controle de passivo. O Sport parece entrar numa temporada em que a prudência financeira se sobrepõe ao projeto esportivo. O risco? Transformar discurso de responsabilidade em conformismo competitivo. Do outro lado, está o torcedor. E ele também precisa ser colocado nessa equação. O rubro-negro vive de paixão, cobra resultados, sonha com times fortes e contratações que devolvam o Sport ao protagonismo. Mas, goste ou não, a realidade atual exige um exercício duro de maturidade coletiva.
O Sport hoje não pode prometer o que não tem como entregar. Fato. A frustração faz parte do processo, mas ignorar o tamanho do problema financeiro é insistir numa fantasia que já custou caro ao clube em outros tempos. O torcedor precisa entender que, neste momento, a reconstrução passa mais por contenção do que por ousadia. Claro que cobranças precisam e devem existir, mas a realidade bate mais forte do que o desejo e não tem como negar isso.
Remo e o desgaste das viagens
Não será nada simples a missão do Remo no Campeonato Brasileiro da Série A e o desafio começa muito antes da bola rolar. O clube paraense será, disparado, o que mais vai cruzar o mapa do futebol do País. A estimativa aponta para cerca de 95 mil quilômetros percorridos nos dois turnos, quase o dobro do desgaste imposto a Bahia e Vitória, que aparecem na sequência, com aproximadamente 55 mil km.
Paulistas e cariocas sofrem menos
No outro extremo da balança estão os clubes do eixo Rio–São Paulo. Beneficiados pela geografia e pela concentração de adversários, terão uma rotina bem mais confortável, com deslocamentos entre 22.500 e 24.500 km ao longo da competição. Em um campeonato longo, equilibrado e decidido nos detalhes, a logística pesa e para o Remo, cada viagem será mais um adversário silencioso a ser enfrentado.