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COLUNA BETO LAGO

Beto Lago: 'Passado e futuro do Sport'

Matheus Souto Maior se tornou presidente do Sport e agora tem que trabalhar como nunca para reconstruir o futuro do Leão da Ilha

Beto Lago

Publicado: 22/12/2025 às 10:55

Matheus Souto Maior é o novo presidente do Sport/Crysli Viana/DP FOTO

Matheus Souto Maior é o novo presidente do Sport (Crysli Viana/DP FOTO)

Passado e futuro
Neste final de semana, ouvi muitos torcedores do Sport divididos entre a esperança e o medo. A posse de uma nova gestão não apagou a avalanche de notícias devastadoras sobre a real saúde financeira do clube, mas apenas escancarou a dimensão do problema. Matheus Souto Maior e sua equipe precisam trabalhar como nunca para reconstruir o futuro do Leão, mas não podem deixar de olhar para os erros recentes. Foi justamente essa sucessão de decisões equivocadas que empurrou o Sport para uma das crises mais profundas de seus 120 anos. A chegada do executivo Ítalo Rodrigues sinaliza um passo importante e pode acelerar a reorganização do futebol, com a definição de treinador e elenco. No entanto, há um risco claro no ar: o chamado “jogo político”. A tentação de transformar a exposição dos erros, sobretudo os financeiros, em palanque pode contaminar um ambiente que já nasce frágil. Ignorar o passado é perigoso. Fazer dele um campo de batalha permanente é paralisante. O caminho responsável passa por compliance, transparência e governança. Além de uma auditoria séria, técnica e independente, que possa revelar números que, ao que tudo indica, assustam. Isso não exclui a criação de um grupo investigativo externo à gestão, forte e autônomo – inclusive, com nomes que fizeram parte das chapas derrotadas na eleição passada. O clube precisa investigar, entregar eventuais crimes às autoridades. Porém, seu esforço maior é gastar toda energia reconstruindo sua estrutura de gestão. Se houve gestão temerária, o Sport deve ser o primeiro interessado em punir os culpados, sem espetáculo, mas com rigor.

Herança maldita
A “herança maldita” talvez seja o ponto mais alarmante deste cenário. O ano de 2025 vem comprometido por decisões de bastidores, e 2026 se apresenta como um abismo perigoso. O medo legítimo do torcedor é que o clube acabou sendo empenhado para pagar os erros do passado, sacrificando receitas futuras e comprometendo a competitividade esportiva. É o roteiro clássico de clubes que trocam planejamento por sobrevivência imediata.

Olhando para os rivais
O momento do Sport serve de alerta para todo o futebol pernambucano. Náutico e Santa Cruz já viveram crises semelhantes. O Tricolor, com a SAF cada vez mais próxima, deixa para trás o modelo dos abnegados e entra em uma lógica profissional inédita em sua história. No Timbu, o movimento ainda é embrionário, mas a direção deseja a SAF. O futebol estadual precisa aprender que romantismo sem gestão cobra juros impiedosos.

Perdão das dívidas dos sócios
Há medidas emergenciais que não podem esperar. Uma delas é o perdão de dívidas dos sócios, modelo que funcionou agora no Náutico e garantiu fôlego financeiro para fechar a temporada. No Sport, a urgência é maior: janeiro de 2026 tem folhas salariais, recuperação judicial e pendências imediatas. Mesmo que um novo plano de sócios fique para depois, o agora precisa falar mais alto. O emergencial não é opção: é obrigação.

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