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Antecipações de verbas no Sport: Luciano Bivar dispara sobre crise financeira deixada no clube

O ex-presidente afirmou ter recebido notícias "calamitosas" sobre receita rubro-negra após saída da gestão de Yuri Romão

Gabriel Farias

Publicado: 20/12/2025 às 14:45

Yuri Romão, presidente do Sport, e o deputado federal Luciano Bivar (UB)/Rafael Vieira/FPF e Marina Ramos/Câmara dos Deputados

Yuri Romão, presidente do Sport, e o deputado federal Luciano Bivar (UB) (Rafael Vieira/FPF e Marina Ramos/Câmara dos Deputados)

A nova gestão do Sport iniciou o mandato lidando com um cenário financeiro delicado, marcado por antecipações de receitas, compromissos herdados e atrasos em obrigações trabalhistas. Após a renúncia de Yuri Romão, oficializada no último dia 12 de dezembro, o clube passou a dimensionar o impacto de decisões tomadas na gestão anterior, que comprometeram recursos futuros, incluindo cotas de televisão, bilheteria e valores oriundos da venda de atletas.

 

Diante desse contexto, o deputado federal e ex-presidente do Sport, Luciano Bivar, fez duras críticas à condução administrativa anterior, em declarações que viralizaram nas redes sociais. Ao comentar a situação financeira do clube, Bivar afirmou ter recebido “notícias calamitosas” sobre o estado do Rubro-negro, classificando o cenário como “deplorável”.

O ex-mandatário defendeu uma postura pragmática da nova diretoria, agora comandada por Matheus Souto Maior, com foco na redução de custos, judicialização de passivos e responsabilização civil e criminal de antigos gestores, além de alertar para a impossibilidade atual de realizar contratações diante do quadro financeiro herdado.

“Acordei e tive notícias calamitosas com relação ao estado do Sport, que está em situação deplorável (…) a gente não tem outra alternativa a não ser jogar com o que tem, liberar os portugueses, os salários altos, e judicializar tudo. Ou faz isso ou vai dar murro em ponta de faca. Eu acho que o presidente e o vice, a nova diretoria não pode mais ter camisa de torcedor e sim de pessoas pragmáticas que expliquem a realidade e contratem advogados para responsabilizar criminalmente e civilmente a antiga diretoria. Todos foram coniventes com isso”, disparou.

A reportagem procurou o ex-presidente Yuri Romão, mas não obteve resposta até o momento da publicação desta matéria.

Antecipações de receitas e cenário herdado

As críticas ganham peso diante das informações que vieram à tona nos últimos dias. A nova gestão do Sport trabalha para dimensionar o cenário financeiro herdado após a saída de Yuri Romão, que envolve uma série de antecipações de receitas futuras. Segundo apuração do GE, confirmada pelo Diario de Pernambuco, antes de renunciar ao cargo, Romão utilizou a última parcela da Liga Forte União (LFU) prevista para este ano como garantia para um empréstimo de aproximadamente R$ 5 milhões junto a uma financeira.

O valor, estimado em cerca de R$ 5,3 milhões, só seria recebido futuramente pelo clube, mas acabou sendo comprometido de forma antecipada. Além disso, receitas previstas para o fim de 2025 e para todo o ano de 2026 também foram utilizadas durante a gestão anterior.

Outro ponto sensível envolve a venda do lateral-direito Pedro Lima. Negociado com o Wolverhampton, da Inglaterra, por R$ 61 milhões (10 milhões de euros, na cotação da época), o Sport recebeu 60% do valor em dezembro de 2024. Os 40% restantes, aguardados para dezembro deste ano, também já foram integralmente utilizados pela gestão passada.


Dívidas com elenco e setor administrativo

O impacto direto desse cenário recai sobre o dia a dia do clube. O elenco profissional acumula cerca de três meses de atraso no pagamento de direitos de imagem, além de pendências relacionadas ao 13º salário e à falta de recolhimento do FGTS. O último pagamento aos atletas foi realizado em setembro. No setor administrativo, parte da segunda parcela do 13º salário também segue em aberto.

Para Bivar, a gravidade da situação limita qualquer possibilidade de movimentação no mercado e expõe o nível de amadorismo administrativo.

“É bom que se diga que o Sport não pode comprar ninguém. Nem um gari. Se botar para fora, ainda tem os problemas trabalhistas. Nem gerente de futebol, nem diretor de futebol, administrativo. Isso é um clube amador. Tem que contar com abnegados que possam se dedicar”, afirmou.

 Bilheteria comprometida

Outra operação realizada antes da saída de Yuri Romão envolveu a bilheteria do clube. Após romper contrato com a empresa Emply, o Sport firmou acordo com a BaladApp para a gestão do setor e, na sequência, antecipou receitas futuras. Como garantia, a gestão anterior ofereceu 50% de toda a arrecadação de bilheteria prevista para 2026, até a quitação total do montante.

Em meio a esse cenário, Luciano Bivar também fez referência a discussões internas sobre o patrimônio do clube.

“Iam vender a Ilha para pagar as despesas (…) acho que o presidente do clube tem que tomar conhecimento do que está acontecendo”, declarou.

Auditoria e cobrança por transparência

Diante das revelações, a nova gestão do Sport promete a realização de uma auditoria completa para apresentar todos os dados ao torcedor rubro-negro e dimensionar oficialmente o tamanho do passivo herdado. A expectativa é que, a partir desse diagnóstico, o clube trace um plano de sobrevivência financeira, em meio à disputa da Série B e a uma queda brusca de receitas.

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