Beto Lago: 'O enorme desafio de Matheus Souto Maior no comando do Sport'
Matheus Souto Maior venceu a eleição para presidente do Sport e comandará o clube no biênio 2025/2026
Publicado: 16/12/2025 às 08:58
Matheus Souto Maior, candidato à presidência do Sport (Caio Antunes / DP)
Hora de trabalhar
Foi uma vitória histórica de Matheus Souto Maior na eleição do Sport, com direito a uma virada impressionante nas urnas. Porém, chegou a hora de parar a euforia. O apito final do pleito foi apenas o pontapé inicial de um jogo muito mais duro. O tempo é curto, o cenário é árido e o futebol rubro-negro vive uma estagnação que não permite selfies, discursos longos ou comemorações protocolares. A realidade cobra pressa. No discurso, Matheus fez o que se esperava: chamou a torcida e estendeu a mão para sair desta crise institucional. Sabe que este mandato-tampão será, talvez, o maior desafio desta sua trajetória ainda iniciante no clube. Ele também sabe que o Sport só volta a crescer se houver algo que há muito tempo falta ao clube: clareza de rumo. No futebol, isso significa planejamento, filosofia e execução. Sem atalhos, sem improviso e sem vendedores de ilusões. O presidente assume com a responsabilidade de resgatar não apenas resultados, mas a dignidade institucional e a conexão com sua torcida. O Sport precisa, urgentemente, definir sua identidade. Ser um clube formador não é discurso bonito: é necessidade estratégica. Olhar para a base, para a região, para o que sempre foi sua essência. O novo treinador precisa estar alinhado a esse conceito. Chega de “profetas do futebol moderno”, com discursos empolados, currículos vazios e uma coleção de fracassos nas costas. Méritos para Branquinho e Paulo Bivar. Que façam o trabalho de oposição firme, mas que construam pontes para ajudar a futura gestão. Clube grande não se constrói com unanimidade cega, mas com cobrança qualificada. E para Matheus Souto Maior, o novo presidente, fica o desafio de recolocar o Leão nos trilhos da tranquilidade e, principalmente, da competência. A eleição acabou. Chegou a hora de trabalhar.
O primeiro choque de realidade de Matheus Souto Maior será financeiro. O Sport precisa de uma injeção de recursos para apagar incêndios básicos: salários atrasados, compromissos do futebol, do administrativo, além das obrigações da recuperação judicial e da Procuradoria Geral. Depois do socorro emergencial, vem o mais difícil: gestão responsável. Gastar menos do que arrecada, mesmo sob pressão por resultados. O clube já pagou caro demais por aventuras, apostas erradas e vaidades administrativas. Repetir esse roteiro será imperdoável.
Recuperar a confiança
Talvez o ativo mais destruído nos últimos meses seja a confiança. Do torcedor e também dos funcionários. Salários atrasados deixam marcas profundas e silenciosas em quem sustenta o clube no dia a dia. Transparência não pode ser apenas um slogan para redes sociais. Precisa ser prática interna, rotina, cultura. Confiança não se pede: se reconstrói.
Love.fútbol
Em contraste com tantos erros de gestão no esporte, há iniciativas que merecem aplausos. O projeto love.fútbol chega à marca de 100 quadras entregues no mundo, com atuação em 23 países. Sob a liderança de Mano Silva como COO, a organização mostra como o futebol pode ser ferramenta real de transformação social: inclusão de meninas, melhorias na saúde e no bem-estar, aumento da segurança, engajamento escolar e impacto econômico positivo nas comunidades.