Branquinho ganha força pela presidência do Sport; oposição reage e pressiona
Oposição cobra cumprimento do estatuto e critica movimentação pelo ex-presidente rubro-negro
Publicado: 17/11/2025 às 17:49
Severino Otávio, o Branquinho, ex-presidente do Sport (Divulgação/Sport)
A crise vivida pelo Sport após o rebaixamento matemático no último fim de semana dividiu os holofotes com a turbulência política que se instalou na Ilha do Retiro. Dias depois de anunciar que deixará a presidência em 31 de dezembro, Yuri Romão viu nos bastidores do clube um movimento que já tem um possível nome para assumir: Severino Otávio, o Branquinho, de 80 anos, ex-presidente rubro-negro entre 2003 e 2004.
Branquinho, que não ocupava papel central na política do Sport há algum tempo, passou a ser tratado como consenso entre lideranças influentes após reuniões realizadas nos últimos dias. Nos bastidores, seu nome ganhou força principalmente diante da possibilidade de Yuri Romão permanecer oficialmente no cargo até 5 de janeiro, apesar de ter anunciado a saída no dia 31 de dezembro.
Esse ajuste de datas não seria mero detalhe: permitiria que sua renúncia ocorresse após a metade do mandato, abrindo caminho para uma eleição indireta, conduzida exclusivamente pelo Conselho Deliberativo, como prevê o artigo 87 do atual estatuto.
A reportagem do Diario de Pernambuco tentou contato com Branquinho, que informou estar viajando e que se posicionará em breve.
Reuniões selaram articulação por Branquinho; oposição reage
Na sexta-feira (14), uma reunião envolvendo nomes de peso, Gustavo Dubeux, Eduardo Monteiro, Paulo Perez e o próprio Yuri Romão, consolidou a convergência em torno de Branquinho. Embora não estivesse presente, João Humberto Martorelli também sinalizou apoio ao ex-mandatário, reforçando o movimento.
A articulação, porém, despertou forte reação dos grupos de oposição. O Movimento Leões pela Mudança criticou a operação política e cobram o cumprimento integral das regras estatutárias — o que, na visão deles, exige eleições diretas, e não uma escolha restrita ao Conselho.
Em entrevista ao programa Léo Medrado & Traíras, Ricardo Sá Leitão, uma das lideranças do movimento, citou possibilidade de brechas estatutárias na definição por uma futura gestão do Sport. Ele também reforçou a necessidade da torcida estar presente para impedir qualquer tentativa de manobra silenciosa.
"Novamente vem à tona essa falta de amor. Não tem outra explicação, porque uma pessoa que ame legitimamente o clube e que tenha o mínimo de vergonha na cara não sustentaria essa situação até janeiro. Acho que uma outra estratégia de 'arrumadinho' é que o artigo 88 fala da hipótese de licença. Ambos se licenciam e se tem que convocar uma sessão do Conselho para fazer uma eleição indireta para essa substituição temporária, podendo durar seis meses, e, de repente, vai ganhando fôlego e a torcida começa a esquecer (…)", iniciou.
“É continuar a pressão nas redes sociais, nos dias de jogos a torcida mobilizada para que a grande mídia tenha a dimensão da nossa insatisfação e para que possamos permanecer em alerta e cobrando, para que o sócio seja o protagonista e dono do destino do clube", completou Sá Leitão.
Em contato com o Diario de Pernambuco, Luciano Bivar, ex-presidente do Sport e uma das lideranças rubro-negras que se reuniram com Yuri Romão por antecipação da eleição do clube, afirmou que qualquer articulação para definir um "presidente tampão" antes da convocação oficial do pleito é precipitada e fere a ordem natural do processo estatutário.
“Entendo que, antes de qualquer coisa, é marcarmos a eleição imediatamente, já que o próprio presidente anunciou que não vai continuar. Isso é prioridade. Decidir quem será o presidente ‘tampão’ será a segunda etapa, mas só depois de se marcar a eleição com data e hora definidas. Qualquer nome para esse presidente temporário, agora, é mera especulação", comentou.
Para a oposição, qualquer manobra que postergue a renúncia de Yuri para além de 5 de janeiro fere a transparência e prejudica a reconstrução do clube. O grupo reforçou que o Sport vive um momento crítico: montagem de elenco para 2026, orçamento, ajustes estruturais e planejamento precisam ser iniciados imediatamente.
Caso Yuri oficialize a saída antes da metade do mandato, o estatuto atual determina nova eleição direta em até 15 dias, com o vice Raphael Campos assumindo provisoriamente. Mas se a renúncia ocorrer após o marco estatutário de 5 de janeiro, a eleição será indireta, restrita ao Conselho.