Beto Lago: 'As sinceras declarações do ídolo e treinador do Sport'
'Hora de pensar em 2026', a declaração de Daniel Paulista após a derrota para o Internacional mostrou que o técnico enxergou a limitação do elenco do Sport nesta temporada
Publicado: 21/10/2025 às 01:01

Daniel Paulista, técnico do Sport (Paulo Paiva/ Sport)
O alerta do ídolo
“O Sport atingiu o limite e é hora de pensar em 2026”, foi a síntese do técnico Daniel Paulista, após mais uma derrota do time nesta Série A, diante do Internacional, em Porto Alegre. Sem marketing, nem suaves promessas, o treinador está vendo aquilo que a torcida e a imprensa repetem há meses: a limitação deste elenco nasce de um planejamento mal feito pela gestão. Contratado para tentar salvar o Sport do rebaixamento, o clube apostou não apenas no trabalho, mas no currículo de Daniel, ídolo do clube como atleta. Nas entrevistas anteriores, ele passava uma imagem de cansaço e angústia, como se não tivesse forças para resolver o problema que encarou de frente. Nesta coletiva, foi direto ao ponto. Reconheceu que “foi feita muita coisa errada”, ou seja, em outras palavras: não havia base, organização, modelo de jogo, nem preparo compatível com a Série A, mesmo que a expectativa fosse de permanência. Enquanto dirigentes falavam frente às câmeras em “esperança” de escapar do rebaixamento, Daniel coloca os pés no chão: a realidade é diferente da probabilidade. O discurso não é de otimismo vazio, mas de clareza, porque insistir em garantir permanência quando todos os sinais apontam o contrário, é maquiar o diagnóstico. O Sport caminha para sua quarta participação na Série B em cinco anos. Uma estatística que revela falha estrutural, não mero azar. Se Daniel representa o ídolo que cutuca, também representa o técnico que cobra ação. E essa cobrança não é aos atletas. Recai sobre quem contratou, quem montou o elenco, quem vacilou no cronograma de reforços e expectativas. Enquanto o clube discute “resistir”, Daniel já coloca o “ressurgir” como lema.
É hora de admitir que o “planejamento de fuga” não funciona mais. É hora de montar uma estratégia de “construção para 2026”. E isso implica: entender limites, reconhecer erros, redirecionar recursos, e parar de vender “esperança” como se fosse projeto de sobrevivência. Daniel Paulista é voz dissonante porque emerge da história do clube. E, justamente por isso, dói mais. Uma ferida que precisa ser aberta, exposta e tratada.
Temporada mais desgastante
A conquista do acesso foi o grande objetivo do Santa Cruz. Entre altos e baixos, é claro. Por conta disso, a reformulação no Santa Cruz precisa ser pesada. O salto de nível será grande. A Série C tem mais jogos, se tornando desgastante e muito mais competitiva do que a D. E tem a Copa do Brasil, que exige elenco e qualidade técnica.
A minha lista no Santa Cruz
Como a SAF deve manter Marcelo Cabo, a renovação de boa parte do elenco é fundamental. Manteria Rokenedy, William Silva, Eurico, Israel, Balotelli, William Alves e Renato. Geovane faria parte da lista, mas o alto valor vai impedir seu retorno. Porém, difícil imaginar uma reconstrução real enquanto a SAF (que trabalha mais ativamente em fevereiro) desejar manter jogadores com contratos longos e sem rendimento, como os casos do goleiro Felipe Alves e de Thiago Galhardo — caro, improdutivo e protegido por quem investe.

