Beto Lago: 'Ídolo não é quem passa, mas quem fica na memória do seu torcedor'
O que faz de um jogador um ídolo, de fato, não é apenas a técnica refinada
Publicado: 30/09/2025 às 11:27

Torcida do Santa Cruz (Fabio Souza/CBF)
Falsos ídolos
O futebol sempre viveu de ídolos. Mas, nos últimos tempos, o que mais se vê é a multiplicação dos chamados “falsos ídolos”. Jogadores que, após uma boa partida, um gol decisivo ou até mesmo um discurso inflamado em rede social, passam a ser tratados como lendas instantâneas. A palavra “ídolo”, tão carregada de história e sentimento, virou moeda de troca fácil em tempos de imediatismo. O imediatismo cria essa sensação: torcedor carente, imprensa acelerada e dirigentes que também alimentam esse rótulo para vender camisas e engajar torcida. Antes, era preciso muito mais: títulos, fidelidade ao clube, identificação com a camisa e a torcida. O verdadeiro ídolo se fazia com suor e tempo, não com likes e engajamento. O torcedor de hoje, carente de conquistas e embalado pela narrativa das redes, acaba abraçando figuras que não resistem à prova dos anos, meses ou dias. E quando o encanto passa, a frustração é inevitável. O que faz de um jogador um ídolo, de fato, não é apenas a técnica refinada. É o conjunto. É o gol em clássico decisivo, o título conquistado depois de décadas de jejum, a postura de quem defende o clube como se fosse torcedor em campo. É o carisma, a liderança, o respeito às cores. Ídolo não é quem passa, é quem fica na memória coletiva. E, amigos, isso não se constrói da noite para o dia.
Paralelo a isso, o futebol brasileiro sofre com outra epidemia: a dos falastrões. Nunca se falou tanto fora de campo. Jogadores que se tornam personagens mais pela língua afiada do que pela bola no pé. O problema é que, aqui, muitas vezes a fala é maior que o futebol. O espetáculo da polêmica rende manchetes, mas não enche vitrine de troféu. O torcedor não quer bravata, quer entrega. Não precisa de frases ensaiadas, precisa de suor na camisa.
Ele nasce com suas ações
No futebol, o ídolo não surge usando as palavras. Ele cresce com suas ações. Se ele for goleiro, tem que ser uma barreira intransponível; se for zagueiro, tem que ser imbatível para os rivais; se for um meia, um craque nas assistências e visão de jogo; e se for um atacante, um goleador.
Você tem algum ídolo?
A idolatria verdadeira nasce da repetição de gestos, da constância, da vitória conquistada e da emoção que permanece. O resto é barulho. Em todos, dedicação e vontade são premissas imprescindíveis. Aí, fica a pergunta para você leitor: no seu clube, tem alguém com essas características ou apenas “falsos ídolos”?
O adeus para o Amigão
A dupla Paulo Soares e Antero Greco era a minha alegria e fonte de notícias esportivas no fim do dia. Eu não perdia o jornal com essas duas feras da ESPN, que uniam conteúdo e bom humor como ninguém. Em 2024, nos despedimos de Antero. Ontem, foi a vez de Paulo Soares, o Amigão da Galera. Que falta enorme esses dois gigantes farão ao jornalismo brasileiro.

