Náutico
COLUNA BETO LAGO

Beto Lago: 'Assembleia Geral de Credores do Náutico e seus dois planos de pagamentos'

A Assembleia Geral dos Credores do Náutico acontece nesta sexta-feira (12), porém pode ser adiada para a próxima quinta-feira (18)

Beto Lago

Publicado: 11/12/2025 às 08:00

Sede do Náutico, no estádio dos Aflitos/Rafael Vieira / DP Foto

Sede do Náutico, no estádio dos Aflitos (Rafael Vieira / DP Foto)

A RJ do Náutico
O Náutico entra na semana mais delicada de sua história recente, e não é força de expressão. Na sexta-feira, o clube tem marcada a Assembleia Geral de Credores da sua Recuperação Judicial, convocada pelo juiz do caso. Se não houver quórum, o encontro será empurrado para o dia 18. Mas o problema não é a data. É o conteúdo. E, sobretudo, o que está em jogo. A disputa não será entre “apenas aprovar ou não aprovar” um plano. Será uma batalha entre dois modelos completamente distintos de sobrevivência. De um lado, o Náutico apresentará seu plano oficial, com deságios que podem chegar a até 80% do valor devido. É a tentativa de reduzir drasticamente o passivo para algo administrável, ainda que doloroso, apostando na reconstrução gradual. Do outro, surge um plano alternativo, apresentado por um grupo de cerca de 170 credores, que batem na porta da Justiça alegando que o clube não cumpriu prazos processuais. Eles pedem o pagamento integral do passivo, estimado em R$ 152 milhões, fora multas e juros. Um plano sem anestesia, sem redução e com prazos longos, mas cruel. Se aprovado, significa colocar o Náutico para correr uma maratona financeira com as pernas amarradas. A regra é simples e brutal: quem tiver maioria dos votos define o futuro financeiro do clube. O Timbu pode ser lançado no abismo: virar um clube incapaz de competir financeiramente, condenado a administrar dívidas antes de administrar futebol. Entraria em colapso antes de entregar resultados esportivos. A assembleia da próxima semana não é uma reunião contábil. É uma partida eliminatória. E o Náutico está jogando contra si mesmo, contra seus credores e contra um passado mal administrado que insiste em voltar ao placar.

Um problema que veio de dentro
O capítulo mais explosivo dessa novela é a revelação de que os treinadores Hélio dos Anjos e Guilherme dos Anjos assinaram a petição que embasa o plano alternativo. A assinatura é de 25 de julho. Ambos já funcionários remunerados do Náutico, endossando uma proposta que pode asfixiar o próprio empregador? É um ato que, no mínimo, exige explicações urgentes. O conselheiro Ricardo Régis Brasileiro Júnior solicitou reunião extraordinária para que se expliquem e que digam: representam o Náutico ou os credores?

Beneficia todos os credores
O plano alternativo vai beneficiar todos os 781 credores da RJ, e não apenas os 170 que o assinam. Tecnicamente, qualquer plano aprovado beneficia o conjunto dos credores. Mas o custo para o clube é gigantesco. Enquanto o Náutico tenta reduzir sua dívida em 70%, reconstruindo um cenário mínimo de estabilidade, a proposta alternativa trata o passivo como se o clube operasse em plena saúde financeira. Não opera. Nunca operou nos últimos anos.

Carências, prazos e correções
No plano alternativo, os prazos de carência variam de 0 a 12 meses, e os pagamentos podem se estender por até 15 anos, corrigidos pelo IPCA + 1% ao ano. Parece suave? Não é. Somem juros, correção e o passivo real pode se transformar em uma bola de neve que impede qualquer possibilidade de investimento em futebol, estrutura, base, ou até manutenção cotidiana.

Mais de Náutico

Últimas

WhatsApp DP

Mais Lidas

WhatsApp DP