Beto Lago: 'Náutico precisa de ajustes táticos, equilíbrio mental e mudança de postura'
O Náutico está vivo na disputa, mas tudo pesa contra o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro
Publicado: 24/09/2025 às 10:01

Hélio dos Anjos, técnico do Náutico (Rafael Vieira)
O peso das palavras
As declarações de Hélio dos Anjos, após a derrota para a Ponte Preta, sábado, nos Aflitos, soaram como um prenúncio do que viria pela frente. O treinador não poupou críticas ao desempenho do time e até de alguns atletas de forma individual. A questão é: esse desabafo em público foi válido ou apenas expôs fragilidades que deveriam ter ficado restritas ao vestiário? Uma moderação seria o caminho mais equilibrado. A insatisfação pelo rendimento do Náutico em casa – já são duas partidas seguidas de tropeço – é natural. Mas também exige autocrítica: se o time falhou em empenho, postura e futebol, o treinador igualmente falhou na condução. A escolha por apontar o dedo para atletas específicos foi um erro grave. Questionar o grupo, sim. Expor individualmente, não. O reflexo imediato é de desgaste no elenco e também com o torcedor. Hélio é conhecido pelo estilo “sincerão”, mas até a franqueza tem limite. Em momentos de pressão, roupa suja precisa ser lavada dentro de casa. Do contrário, a crise se alimenta sozinha. O Náutico precisa de união. Precisa resgatar confiança. Precisa trazer de volta o equilíbrio mental. Precisa de ajustes táticos. Mas o que se vê é um ambiente minado. O Náutico está vivo na disputa, mas tudo pesa contra. E, novamente, precisa reagir rápido. Ou a temporada, que parecia promissora, vai virar mais uma página amarga na história recente do clube.
A dispensa de Marco Antônio reflete no ambiente da equipe. Tudo errado na condução do processo, desde o anúncio do pré-contrato com o CRB, principalmente, pelo empresário. Se havia acerto, que esperassem o fim da Série C, ou do quadrangular, para oficializar. O risco era claro: se o rendimento caísse, a torcida colocaria tudo na conta da transferência. Foi o que aconteceu. Perdeu o atleta, perdeu o clube, e sobrou para o empresário, alvo de críticas contundentes de Hélio. Uma turbulência que poderia ter sido evitada.
Hora de mudar a regra
Em uma reta final de competição, não faz sentido permitir que um concorrente jogue no sábado e outro apenas no domingo. Foi exatamente o que ocorreu no final de semana passado com o Náutico (em campo no sábado) e o Guarani (fim da noite de domingo). Para preservar a lisura e a emoção da Série C, as últimas rodadas do quadrangular deveriam, obrigatoriamente, ser no mesmo dia e horário. Qualquer outra escolha é injustificável.
Fim da blindagem e regalias
O atacante Thiago Galhardo vive cercado por uma blindagem, promovida pela diretoria, que não condiz com sua atuação dentro de campo. É inegável a liderança que exerce no vestiário e o respeito que tem entre os funcionários. Mas, futebol se mede por desempenho em campo, e o que tem apresentado até aqui está abaixo do necessário para justificar a condição de titular. Os dirigentes não podem confundir carisma com rendimento. Galhardo foi contratado para decidir jogos, não para ser uma espécie de gestor paralelo do clube. Nada de privilégios. O Santa Cruz precisa de protagonismo em campo, principalmente das chamadas estrelas.

