Beto Lago: 'A bola pune e vai além do resultado imediato de um jogo'
A ideia é que, no futebol, os erros acabam levando a derrota ou fracasso
Publicado: 27/08/2025 às 08:52

Bola do Jogo (Rafael Vieira)
A bola pune
A frase "a bola pune" virou um conceito bem popular no futebol, e sua precisão vai além do resultado imediato de um jogo. Ela se refere à ideia de que, no futebol, erros (técnicos, táticos ou de gestão) acabam sendo "punidos" com o tempo, resultando em derrotas ou fracassos. No jogo em si, a "punição" é mais direta e imediata. Se um jogador desperdiça muitas chances de gol, o adversário pode aproveitar um contra-ataque e marcar. Se um zagueiro erra um passe perigoso na defesa, o time pode sofrer um gol. Nesses casos, o erro é uma falha técnica ou tática que, de forma quase instantânea, leva a um prejuízo no placar. Nesse contexto, a punição é mais sutil e de longo prazo. A "bola pune" quando um clube contrata mal (jogadores caros que não trazem o resultado esperado); quando tem uma má gestão financeira (gasta mais do que arrecada, atrasa salários ou contrata que impacta negativamente nas finanças); quando erra no planejamento (contratação errada de um técnico e tudo cai por terra); ou quando ignora a base (preferindo trazer “reforços” de fora, por conta da grife).
A força do Flamengo
O Flamengo está num degrau acima de todos. É covardia comparar esse elenco com o resto da Série A. O clube se estruturou, fechou contratos gigantes e hoje nada em dinheiro. Natural, então, que o debate sobre Fair Play financeiro ganhe força. Mas vamos falar sério: o problema não é o Flamengo gastar. O problema é ter time devendo mais de um bilhão, com transfer ban da Fifa, e ainda assim contratando como se fosse um sheik árabe. Isso ninguém quer discutir.
Quem deve muito acaba contratando mais
Se a ideia é estabelecer limite de gastos, que seja para todos. Do contrário, vira cortina de fumaça contra quem fez a lição de casa e se estruturou. O futebol brasileiro precisa de uma régua que impeça a gastança irresponsável e o calote institucionalizado. Só que a régua não pode ser usada contra quem enche os cofres e paga em dia, mas contra os que vivem de empurrar dívidas para o futuro. E, como sempre, a conta sobra para o torcedor.
Premiação na Série D
Pouca gente sabe, mas a Série D também rende premiação. Só pela participação, cada clube embolsou R$ 458 mil. A cada fase avançada, mais R$ 170 mil. E, para os finalistas, um bônus de R$ 250 mil. Dinheiro que faz diferença entre respirar e afundar. O Santa Cruz, até agora, já garantiu R$ 968 mil em caixa. O problema é que, no Tricolor, o buraco sempre parece maior do que a receita.

