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Brasileiro de Ginástica no Recife coleciona belas histórias: "Sonho de medalha olímpica"

A competição, de alto nível, reúne atletas de todas as partes do Brasil e traz relatos emocionantes de famílias do Rio de Janeiro e Paraná

Gabriel Farias

Publicado: 01/09/2025 às 07:00

Ginasta Marcela Corrêa, a mãe Vanessa e o padrasto Marcelo/Gabriel Farias/DP

Ginasta Marcela Corrêa, a mãe Vanessa e o padrasto Marcelo (Gabriel Farias/DP)

O ginásio Geraldão, no Recife, ganhou histórias especiais durante o Campeonato Brasileiro de Ginástica Artística, realizado na capital pernambucana em 2025. No domingo (31), foi vez de dar início aos treinamentos da categoria infantil, e com a presença de Mariana Corrêa, de apenas 12 anos, uma das jovens promessas.

 

A atleta da Gemini Academia, que veio de Cabo Frio, Rio de Janeiro, contou com uma torcida carinhosa da família nas arquibancadas. Entre os presentes, o padrasto Marcelo Lopes chamou atenção ao erguer um cartaz de incentivo para a menina.

Praticando ginástica desde os dois anos de idade, Mariana entrou de vez no esporte aos seis e não abre mão da modalidade para o futuro. Em sua trajetória, já participou do Nacional em Palmas (TO) e agora disputa a sua segunda competição brasileira, desta vez no Recife. Tinha o sonho de vir ao Geraldão, mas, é claro: ainda quer chegar à seleção e conquistar medalhas olímpicas.

"Me inspiro na Rebeca Andrade e na Flávia Saraiva. O primeiro contato com elas foi incrível. Tive um pouco de vergonha, mas depois consegui tirar uma foto. Ficou tudo bem. Eu já pensei em pedir dicas. Assisti à conquista das medalhas delas um pouco de casa e nos treinos. Foi ótimo e todos ficaram felizes com as meninas", contou Mariana, sorridente.

A jovem atleta também mostrou maturidade ao falar de sua preparação e guardou na memória momentos especiais que a ginástica já lhe proporcionou.

"Estou com uma expectativa alta porque faço tudo certinho. Meus técnicos são bem gentis comigo. O meu melhor momento até aqui no esporte foi quando fui para a minha primeira competição fora do estado do Rio de Janeiro, em Tocantins. Lá foi bom, pois pude competir e conhecer o parque do Jalapão. Lá foi incrível, é muito bonito e quero ir de novo. Eu tenho o sonho de ser medalhista olímpica e chegar na seleção brasileira", afirmou.

APOIO DA FAMÍLIA E ANSIEDADE

Na família, a emoção também é intensa. A mãe Vanessa confessou que o coração fica acelerado ao ver a filha competindo: "Foi impossível ficarmos calmos. A ansiedade já começou no ano passado, quando a gente soube que ela iria participar do Brasileiro de Ginástica. E só pioria (risos)."

O padrasto Marcelo destacou a transformação que a modalidade trouxe para a vida da menina.

"Eu costumo dizer que a ginástica artística mudou a vida da Mariana. Ela é uma menina que nasceu com TDAH e, graças à ginástica, ela conseguiu dar uma virada, focar no esporte, na vida, e essa modalidade ajuda em tudo no desenvolvimento dela", iniciou.

"Compramos a passagem no começo do ano e, nesse último mês de preparação, foram dias muito intensos. Uma semana pensando no Brasileiro e, quando vai chegando o dia, a ansiedade aumenta. Hoje eu comentei que estava tranquilo, mas foi só a Mariana dar o primeiro salto que já fiquei nervoso (risos)", completou Marcelo.

A carreira de Mariana é acompanhada de perto pela equipe da Gemini Academia, no Rio de Janeiro. O técnico Cleber Sant’Anna destacou o desenvolvimento da atleta e o espírito coletivo do grupo. À frente da equipe, Cleber soma 40 anos de experiência na ginástica, já foi atleta profissional e há 15 anos conduz a academia.

"A Mariana está indo muito bem, porque sempre foi uma surpresa para a gente. Ela começou muito nova, sempre foi proativa, e a ginástica adequou ela. O comportamento dela melhorou e hoje é uma menina muito mais concentrada e direcionada. O grupo vem muito com ela, uma vai trazendo a outra, estão sempre juntas. São centradas para trabalhar, até pela carga horária intensa. A gente procura melhorar todas as falhas, porque elas estão nervosas, e isso é comum", explicou o treinador.

 

TORCIDA QUE VEIO DE CURITIBA AO RECIFE

Também entre os destaques das arquibancadas no primeiro dia esteve o apoio de duas mães vindas de Curitiba. Glaucia Adania, mãe de Maria Luiza (11 anos), e Wanderleia Ribeiro, mãe de Maria Gabriela (10 anos), chegaram ao Recife no sábado (30) para acompanhar as filhas, que competem pelo Cegin, do Paraná.

"Esse esporte é fantástico, é um trabalho de resiliência o tempo todo. Elas precisam se superar a cada momento. Se caem, voltam. São muito resilientes", contou Glaucia.

Já o técnico Roger Medina, responsável pelas ginastas, destacou o futuro promissor das jovens.

"A nossa expectativa é que elas executem o que foi treinado, porque os resultados vêm como consequência. A competição tem equipes e atletas muito fortes, então não é sobre ganhar, mas sobre dar o melhor. A Maria Gabriela é jovem, tem um futuro promissor e vai estar no cenário nacional por muitos anos. Já a Maria Luiza veio do Mato Grosso do Sul, tem 11 anos, ainda terá mais um ano no infantil e estamos trabalhando para que, ao chegar ao juvenil, esteja à altura do nível técnico em busca de resultados. Conheço as duas há cerca de cinco anos", disse.

 

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