Léo Medrado: a vida e a reabilitação após sofrer um AVC isquêmico
Colunista de Esportes do Diario de Pernambuco, jornalista Léo Medrado conta a sua luta diária na recuperação após sofrer um Acidente Vascular Cerebral
Publicado: 05/07/2025 às 10:03

Léo Medrado se recupera de um AVC isquêmico (MARCOS LEANDRO/DP )
“Eu ensinei o Pai Nosso a minha filha, de 12 anos, e tive que aprender de novo a rezar com ela”. Após sobreviver a um Acidente Vascular Cerebral (AVC isquêmico), sofrido no dia 24 de fevereiro deste ano, o jornalista Léo Medrado teve que encarar uma nova rotina: a busca para falar outra vez.
Nesses poucos mais de quatro meses, desde aquela fatídica segunda-feira à noite, a eloquente voz tão usada durante 40 anos de profissão acabou com sequelas. Foi um período difícil, mas que vem sendo superado com uma recuperação extraordinária e muito esforço em sessões diárias de fonoaudiologia. Além, claro, de muito carinho e suporte da esposa Patrícia, da família, dos amigos e da corrente de fé dos que admiram o seu trabalho.
Aos poucos, ele começa a retomar as suas atividades profissionais, como vídeos nas redes sociais e comentários na Rádio CBN e no programa no YouTube Léo Medrado & Traíras. Colunista de Esportes do Diario de Pernambuco, Léo também se prepara para voltar a escrever para o jornal mais antigo em circulação da América Latina. Um bom ritmo de recomeço para quem sofreu um grande baque, mas encontrou força para se adaptar ao que lhe acontecera.
COMO TUDO ACONTECEU
Léo estava em casa, conversando com a filha Letícia, de 12 anos, quando começou a falar palavras sem nexo e com a voz embolada. Avisados da gravidade do problema por Patrícia, esposa de Léo, os irmãos Bruno e Júnior Medrado o socorreram até o Real Hospital Português. Concluída com êxito a cirurgia de desobstrução de uma importante artéria no cérebro, ele ainda passou por mais um procedimento no coração, que na verdade foi a origem do AVC.
“Naquela segunda-feira (24/02), fiz o Traíras, escrevi a coluna do Diario e estava em casa. De repente, minha filha encostou e começou a dizer ‘Papai está estranho’. A voz sumiu. O que eu mais gosto de fazer, que é falar. É como se o pessoal lá de cima quisesse mexer comigo. Logo agora, aos 60 anos? Mas ao mesmo tempo, Deus é tão maravilhoso que colocou três médicos fantásticos no meu caminho. Bruno Mota, que realizou o primeiro procedimento cirúrgico; Arthur Procópio, que fez a intervenção cardíaca; e Silvana Sobreira, neuro que definiu o procedimento de recuperação clínica”, explicou Léo Medrado.
Após a alta hospitalar, a reabilitação foi cercada de incertezas. Primeiro, Léo tinha que ouvir e entender o que os outros estavam falando. Superado esse processo, a batalha foi para “reaprender” a falar, com muitas sessões de fonoaudiologia e ‘aulas particulares’. “Meu pai (Odonico) sempre foi muito Deus (foi seminarista). E ele sempre dizia que eu tinha que ensinar a minha filha o Pai Nosso. E assim o fiz. E agora tive que aprender de novo a rezar com ela. Letícia me ensina muito. É uma palavrinha que você vai ouvindo e fazendo sentido. Era tudo mundo estranho. Queria falar e não saia”.
MÚSICA E DOMINÓ
Léo Medrado sempre teve a música na veia. Tanto que, ainda quando estava internado, recebeu um violão do irmão Júnior e tocou o instrumento sem errar uma nota, mesmo sem a voz sair. Outra ferramenta que ajudou na recuperação foi o dominó, outra paixão antiga desde os tempos da adolescência. A volta ao grupo de dominó, que ele não frequentava há uns três anos, fez muito bem para a cabeça e serviu como fisioterapia também. O futebol na televisão também foi um grande companheiro.
MEDO DA MORTE
Entre a empolgação pelas conquistas diárias, Léo vai refletindo sobre o que passou e não refuta em dizer que teve medo de morrer. “Quando tive o problema, a sensação é que estava morrendo. E depois, já em recuperação em casa, quando tentava falar e a voz não saia, a impressão é que em algum momento alguém falaria que eu tinha morrido. Precisava falar para saber que estava vivo”.
MENSAGEM POSITIVA
No fim da conversa com o Diario de Pernambuco, Léo procurou passar uma mensagem de otimismo e de valorização da família. “Eu tinha que melhorar. Não podia fazer isso com eles (família). Meus irmãos Júnior, Bruno e Cibele. Patrícia (esposa), Letícia (filha), Luca (enteado) e mamãe (Dejinha). Américo Pereira e Diógenes Luz foram espiritualizados na recuperação. Todos chorando por mim. E todos foram maravilhosos. Cada dia é uma luta, mas procure fazer o bem, sobretudo para as pessoas que estão em sua volta no dia a dia. E vamos em frente”.

