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Câncer de próstata: Laerte amplia debate sobre riscos para mulheres trans

Diagnosticada há cerca de 20 anos com uma condição prostática benigna, Laerte só descobriu o câncer mais tarde e defende maior acesso à informação

Allan Lopes

Publicado: 19/11/2025 às 23:03

No documentário, Laerte aborda questões sobre 'o que é ser mulher'. Foto: Netflix/Divulgação/

No documentário, Laerte aborda questões sobre 'o que é ser mulher'. Foto: Netflix/Divulgação ()

Após ser diagnosticada com câncer de próstata e passar pela cirurgia de remoção do órgão em setembro de 2023, a cartunista Laerte Coutinho usou uma entrevista à Folha de S. Paulo para fazer um alerta importante sobre a importância de incluir mulheres trans na conscientização da doença, que também pode afetá-las.


O risco existe porque a próstata não é removida durante a transição de gênero e, portanto, continua suscetível ao câncer. “Mulheres trans precisam entender que possuem próstata e possuem um organismo que precisa ser cuidado de forma adequada”, afirmou Laerte.

Há cerca de 20 anos, ela foi diagnosticada com hiperplasia prostática benigna, uma condição não cancerosa caracterizada pelo aumento da próstata. Esse crescimento comprime a uretra, dificultando o fluxo urinário e causando dores intensas.

O Diario de Pernambuco procurou o médico urologista Antônio Douglas, membro da Sociedade Brasileira de Oncologia, para detalhar os aspectos clínicos do caso. "A prostatectomia foi indicada por se tratar de doença localizada, com altíssima chance de cura", explica.

Quanto à presença do órgão nessas pacientes, o médico detalha que, durante a cirurgia de redesignação sexual, são removidos os testículos e construída uma neovagina, mas a próstata geralmente é preservada. "O órgão continua existente no corpo da mulher trans e, com o decorrer da idade, os fatores genéticos e a imunossenescência – que é o declínio da imunidade com a idade – permitem que algumas células neoplásicas possam se desenvolver", comenta o médico.

Entre os principais fatores de risco para a doença, estão a idade (principalmente a partir dos 50 anos), histórico familiar, etnia (com maior incidência em pessoas negras), obesidade, sedentarismo e tabagismo. Esses elementos são universais e, portanto, também se aplicam às mulheres trans.

No entanto, o especialista chama a atenção para o acesso à informação e ao acolhimento no sistema de saúde. "Muitas mulheres trans podem ter medo ou não se sentir acolhidas para procurar um urologista e realizar o rastreamento para o câncer de próstata", afirma. Sem a realização do rastreamento preventivo, existe o risco de a doença ser diagnosticada em estágios mais avançados, quando o tratamento se torna mais complexo.

A boa notícia, segundo o urologista, é que o tratamento é igualmente eficaz para todas as pessoas. "Na doença localizada, pode-se fazer cirurgia ou radioterapia. Nos casos de doença metastática, as opções incluem bloqueio hormonal, quimioterapia, radioterapia ou mesmo cirurgia, além dos tratamentos mais recentes, como imunoterapia", afirma.

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