Estudo aponta que qualquer quantidade de álcool aumenta risco de demência
Participaram do estudo 560 mil pessoas no Reino Unido e nos Estados Unidos
Publicado: 29/09/2025 às 15:59

Um estudo concluiu que quanto mais álcool se consome, maior é o risco de demência. (Canva)
Um estudo realizado por investigadores da Universidade de Cambridge e divulgado na revista BMJ Evidence-Based Medicine, concluiu que quanto mais álcool se consome, maior é o risco de demência. Esta é a mais recente investigação que confirma também que até um consumo moderado de álcool pode representar riscos para a saúde e apesar de algumas notícias indicarem alegados benefícios de se beber em pequenas quantidades, a pesquisa tem demonstrado repetidamente que nenhuma quantidade de álcool é segura para a saúde.
O consumo de álcool aumenta o risco de demência, independentemente de as pessoas terem predisposição genética para a condição neurodegenerativa, aponta este novo estudo de grande escala. “Para qualquer pessoa que escolha beber, o nosso estudo sugere que um maior consumo de álcool leva a um maior risco de demência. E quanto maiores os riscos genéticos associados ao álcool, maiores os riscos de demência. Se alguém beber três bebidas por semana, por exemplo, terá uma probabilidade 15% maior de desenvolver demência do que alguém que beba uma bebida por semana”, afirmou Stephen Burgess, investigador na Universidade de Cambridge.
“A evidência genética não oferece suporte para um efeito protetor do álcool, na verdade, sugere o contrário,” acrescentou Anya Topiwala, uma das autoras do estudo e investigadora clínica sênior na Universidade de Oxford.
No entanto, o estudo não prova conclusivamente que o consumo de álcool causa demência, apenas que os dois estão interligados, explicou Tara Spires-Jones, diretora do Centro para Ciências do Cérebro na Universidade de Edimburgo, que não fez parte do estudo. “Mas, trabalhos fundamentais em neurociência mostraram que o álcool é diretamente tóxico para os neurônios no cérebro,” alerta.
Participaram do estudo 560 mil pessoas no Reino Unido e nos Estados Unidos, acompanhadas ao longo de vários anos, assim como dados genéticos de cerca de 2,4 milhões de pessoas. Na primeira, os investigadores perguntaram às pessoas quanto bebiam e depois determinaram a relação entre álcool e os riscos de demência. Analisaram ainda marcadores genéticos ligados ao consumo de álcool para considerar o seu efeito cumulativo ao longo da vida.
Na investigação, onde foram usados exames cerebrais, os investigadores descobriram que a ingestão de uma ou duas unidades de álcool por dia estava associada a reduções no volume do cérebro e a alterações na sua estrutura, o que pode levar à perda de memória e à demência.
Os autores do estudo revelaram que as suas conclusões somam-se ao crescente conjunto de evidências que mostram que eliminar o álcool pode trazer benefícios significativos para a saúde. “Reduzir o consumo de álcool na população pode desempenhar um papel significativo na prevenção da demência,” completou Topiwala.

