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LEVANTAMENTO

De cada 5 garrafas de uísque ou vodca, 1 é falsificada no Brasil, indica associação

A Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD) divulgou um estudo feito pela Euromonitor International e apontou dados preocupantes. País investiga mais de 60 casos suspeitos de intoxicação por metanol

Diario de Pernambuco

Publicado: 03/10/2025 às 15:44

Uísque/Freepik

Uísque (Freepik )

Em meio à crise da intoxicação por ingestão de metanol em bebidas alcoólicas, a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), divulgou um estudo feito pela Euromonitor International e apontou dados preocupantes.


Conforme o levantamento, estima-se que, de cada cinco garrafas de uísque ou de vodca, uma tem potencial de ser falsa.

Ainda segundo esse levantamento, com dados de 2024, do volume de bebidas destiladas, 28% são de bebidas ilegais.


Essas bebidas são alvo de crimes como sonegação fiscal, contrabando/descaminho, falsificação e produção sem registro.

Os dois principais métodos de falsificação, comumente encontrados no mercado, são o “refil” de garrafas de marcas reconhecidas utilizando produtos de baixo custo ou a falsificação a partir do uso de álcool impróprio para consumo humano, colocando em risco a saúde dos consumidores.

Esse é justamente o problema escancarado nos últimos dias no Brasil. Mais de 60 casos de intoxicações foram confirmados ou notificados no país, com várias mortes.


Em Pernambuco, seis registros estão sob notificação, sendo duas mortes apuradas.

Um dos alertas feitos pelo estudo é discrepância de preços, considerada o principal atrativo.:

Foi identificado no levantamento que os produtos falsificados são, em média, 35% mais baratos, e em marketplaces online. A diferença entre o uísque falsificado e o original chega a até 48%.

A associação revela, ainda, que o mercado ilegal de álcool no Brasil continua a impor um custo alto à economia e à saúde pública de R$28 bilhões.


“Esse montante, para efeito de comparação, é superior aos gastos federais com segurança pública e equivalente a 12% de todo o orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS) no mesmo ano. Este cenário deixa evidente a urgência de ações coordenadas”, diz o texto publicado no site da entidade.



Mais bebidas impróprias

A entidade apontou também que houve um crescimento de 13% no consumo de álcool substituto (álcool de fontes não destinadas ao consumo humano, como álcool de limpeza) em 2024.

Esse aumento está diretamente relacionado ao crescimento da população em situação de rua no país.

A falsificação acontece principalmente porque o crime organizado está cada vez mais estruturado, controlando etapas que vão desde a coleta de garrafas até a impressão de rótulos sofisticados, conforme a associação.

“A alta carga tributária do setor de destilados e a impunidade estão entre os principais fatores que estimulam o comércio ilícito”, alerta Eduardo Cidade, presidente da ABBD.

“É importante entender que um sistema tributário mais simples e equitativo, que inclua uma alíquota única para todas as bebidas e não puna ainda mais o setor de destilados, s é fundamental para ajudar no combate às atividades criminosas e, consequentemente, na redução da perda fiscal”, pontua.

 

Contrabando

O estudo traz um dado positivo: o contrabando de bebidas alcoólicas recuou cerca de 25% em volume em 2024. Essa redução é atribuída à valorização do dólar frente ao real, que impacta as margens de lucro dos contrabandistas, e a maior eficiência da fiscalização, impulsionada pelo uso de tecnologias avançadas como drones nas fronteiras.


Setores

A entidade apontou também que os destilados são as categorias mais atingidas pelo mercado ilegal, enquanto fermentados como vinho e cerveja registram penetrações ilícitas menores (7% e 2%, respectivamente).

O relatório destaca que a persistência do problema é multifatorial, englobando alta carga tributária do setor de destilados, fiscalização fragmentada, sofisticação do crime organizado e a proliferação de canais de venda informais e digitais.


Nota


No site, a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas lamentou os recentes episódios envolvendo bebidas alcoólicas falsificadas e/ou adulteradas, que “resultaram em consequências irreparáveis”.

“É fundamental distinguir o setor produtivo formal, que segue rigorosos padrões de qualidade, segurança e conformidade regulatória, do mercado ilegal. O avanço do mercado ilegal de bebidas alcoólicas no Brasil representa uma ameaça grave à saúde pública, fragiliza a arrecadação tributária e alimenta a cadeia do crime organizado”, diz a nota.


Ainda segundo o estudo da Euromonitor, o mercado ilícito fez com que o Brasil deixasse de arrecadar R$ 28 bilhões em impostos no ano passado.

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