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200anos
O RECIFE HÁ 200 ANOS

O Recife de Antonino era revolucionário

O autoritarismo do Dom Pedro I e a luta pela promulgação da Constituição de 1824 estava na pauta dda cidade do fundador do DP quando o jornal ganhou as ruas

Carlos Lopes

Publicado: 07/11/2025 às 00:02

Prensa original, hoje guardada no Instituto Antropológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, pode ter sido usada na Revolução de 1817/FRANCISCO SILVA/DP FOTO

Prensa original, hoje guardada no Instituto Antropológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, pode ter sido usada na Revolução de 1817 (FRANCISCO SILVA/DP FOTO)

O Recife de Antonino José de Miranda Falcão, fundador do Diario, havia deixado de ser uma vila e foi elevado à condição de cidade, a partir de uma carta imperial, de 5 de dezembro de 1823. O tipógrafo rodou a primeira edição do DP quando a atual cidade nem era a capital da província de Pernambuco. Ainda.

Após 45 edições publicadas pela Tipografia de Miranda e Companhia é que a Portaria de 29 de dezembro de 1825 transformou o Recife em capital (o que viria a ser confirmado pela Resolução de 15 de fevereiro de 1827).

O Recife de Antonino, “bombava” em meados daquela segunda década dos anos mil oitocentos. Politicamente, fora dos limites provinciais, na esteira de todas as transformações oriundas da Proclamação da Independência em 1822.

Internamente, e não dissociado do externo, o Recife ainda respirava os ares da Revolução Pernambucana de 1817, que viria a se consolidar na Confederação do Equador. O autoritarismo do Dom Pedro I e a luta pela promulgação da Constituição de 1824 estava na pauta do Recife de Antonino quando o Diario nasceu.

Bem mais que isso. Um símbolo que marcou o espírito contestador e revolucionário do povo pernambucano viria a ser parte do próprio DP. Quando Antonino resolveu criar o jornal e adquiriu a prensa, em 1825, não fazia ideia que poderia estar comprando a mesma máquina que, em 1817, serviu para rodar os panfletos com os ideais libertários da Revolução Pernambucana.

“Um equipamento desse tipo, naquela época, não era algo que você podia encomendar e chegava três dias depois. Era complicado de ser adquirido”, explicou George Souza, professor da UFPE e presidente do Instituto Antropológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), o instituto estadual mais antigo do país.

“Então, é quase certo, muitíssimo provável, que a prensa de 1817, que havia sido confiscada pelo governo da província, tenha sido adquirida pelo fundador do Diario, em 1825”, completou, lembrando que o mesmo equipamento, após o confisco, chegou a rodar o periódico oficial do governo chamado Aurora Pernambucana.

O Recife de Antonino fervilhava. E a partir do dia 7 de novembro de 1825, em um cômodo do número 256, da Rua Direita, passaria a contar com o jornal responsável por transformar papel e tinta, por meio do jornalismo, em registro histórico da vida pernambucana até hoje.

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