Editorial Menos ódio, mais reflexão

Publicado em: 03/10/2018 03:00 Atualizado em: 03/10/2018 08:41

Os brasileiros irão às urnas no domingo em uma eleição presidencial que se desenha incomum. Isso porque, a se confirmar as pesquisas feitas até aqui, os dois candidatos que chegarão ao segundo turno também serão os mais rejeitados do pleito. Tudo pode mudar nestes últimos dias de campanha, como o crescimento de algum outro candidato, como Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado nas intenções de voto, ou mesmo a definição em primeiro turno. Mas, até aqui, a situação para as próximas semanas se desenha como está hoje.

Em que pese a queda da taxa em pequisas recentes, o capitão reformado do Exército, deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), continua com rejeição altíssima: 44% da população, segundo pesquisa do Ibope de 1º de outubro. A mesma pesquisa mostrou um salto considerável no índice de rejeição do candidato petista Fernando Haddad, que chegou a 38 %. Em seguida, aparecem Marina Silva (Rede), com 25%; Geraldo Alckmin (PSDB), 19%; e Ciro Gomes, 18%.

O cenário de polarização extrema, expresso nos números acima, não é o desejável para o país. Após a proclamação do resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral, será essencial que o ocupante do Palácio do Planalto tenha equilíbrio e disposição para governar também aos que não o elegeram. O clima de conflagração não pode perdurar depois de contabilizado o resultado das urnas. Para isso, também cabe uma reflexão dos responsáveis pela escolha: você, eleitor.

Se ainda não o fez, é essencial que o eleitor utilize os próximos dias para conhecer e esmiuçar, os programas de governo que estão sendo apresentados pelos postulantes ao cargo máximo do país. Posições pessoais não necessariamente terão peso decisivo no processo, uma vez que o presidente da República precisará levar em conta o bem comum dos cidadãos, independentemente de gênero, etnia, idade ou origem.

Tão importante quanto conhecer a fundo as propostas dos candidatos é analisar o que cada um deles pretende fazer, assim que tomar posse, para enfrentar a situação dramática que o país atravessa. Mais do que trocas de acusações e bravatas de campanha, muitas vezes movidas pelo desrespeito e ódio, interessa neste momento descortinar propostas que serão implementadas logo nos primeiros meses de governo.

Portanto, o novo ocupante do Planalto terá duas obrigações: falar para todos os brasileiros e buscar a coalizão em torno de uma agenda mínima de ações capazes de tirar o país da crise profunda em que se encontra.

Quem perder — inclusive os que ficarem no primeiro turno — precisa respeitar o resultado sacramentado nas urnas e encarar a derrota como consequência natural de uma eleição democrática. E não pode também atrapalhar o adversário vitorioso na árdua tarefa de comandar o país. Deve fazer uma oposição responsável em prol dos interesses da Nação. O Brasil precisará de gestão eficiente e espíritos desarmados para reencontrar o caminho da prosperidade e da esperança.

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