Setembro amarelo

Bartyra Soares
Membro da Academia Pernambucana de Letras

Publicado em: 01/09/2018 03:00 Atualizado em: 02/09/2018 21:17

Durante o mês de setembro, fachadas de instituições de monumentos públicos e privados, a exemplo do que vem acontecendo anualmente, se manterão iluminadas de amarelo em todo o país. O motivo relaciona-se ao fato de que, desde 2015, setembro foi escolhido o mês de prevenção ao suicídio. A escolha deste mês tem a sua explicação por conta de que, no decorrer desses 30 dias, o calendário assinala o dia 10 como a data mundial de prevenção ao ato suicida. Quanto à cor amarela, deve-se à razão de que é considerada a cor da luz, da iluminação, da claridade.

Assim, setembro e o amarelo são simbolicamente o mês e a cor apropriados para abrir cortinas na indicação de novos caminhos aos indivíduos na busca de outros horizontes, com o intuito de revitalizar suas vidas quando se encontram em estado de sofrimento.

Os dados estatísticos em relação ao suicídio são alarmantes e obedecem a uma escala ascendente. Segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS -, a morte voluntária retira de cena um brasileiro a cada 45 minutos e uma pessoa a cada 45 segundos em todo o mundo. Oficialmente são 32 brasileiros que morrem por dia vitimados por suas próprias mãos.

As atividades de prevenção ao suicídio do Centro de Valorização da Vida, responsável pelo Programa CVV - trabalho voluntário de atuação em âmbito nacional -, é imprescindível para o resgate da vida de seres humanos prestes a cometer a morte autoinfligida. Daí, ser importante a divulgação desse trabalho nas mais diversas formas midiáticas.

O valor da atuação ceveviana é reconhecido por gestores públicos, profissionais especializados em saúde emocional e mental, além de uma enorme parcela da população brasileira que tem conhecimento dos serviços prestados por esta entidade que se mantém no “ar” 24 horas por dia, todos os dias. Pela sua credibilidade, com justiça, o CVV inspirou um Acordo de Cooperação Técnica com o Ministério da Saúde, visando ao desenvolvimento da Estratégia Nacional de Prevenção ao Suicídio, ampliando sua rede de atendimento, de forma que todos os que buscam desabafar, ser ouvidos, podem ligar gratuitamente, utilizando o 188 - número telefônico padrão para todo o Brasil ou acessar às redes sociais por meio do www.cvv.com.br

Ao oferecer apoio emocional a quem busca os serviços cevevianos, a sua proposta é ouvir de forma ativa e sigilosa. Conserva posturas de aceitação, confiança, compreensão empática, não julgamento e respeito. Vivencia na prática o que disse o teólogo alemão Jürgen Moltmann: “...não há, na realidade, nenhuma vida reduzida ou menos válida. Cada vida é, à sua maneira, vida sagrada e como tal devemos reconhecê-la e respeitá-la”.

Quando alguém procura o CVV e escuta o plantonista indagar: “Como vai você?”, não se trata de uma simples pergunta de praxe nas relações sociais. Ele está realmente interessado em saber como o outro se encontra afetiva, emocional e psicologicamente. Está disposto a oferecer apoio de modo solidário e sem críticas. Deseja, de fato, estender a mão sobre os abismos que separam um do outro, mas que a fraternidade aproxima, para ouvi-lo, confiante de que ao despedir-se ele tenha se decidido em prosseguir na caminhada da existência apesar das dores que, por acaso, o estejam atormentando.

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