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RESTROSPECTIVA

Pernambuco consagra de vez o seu protagonismo no cinema brasileiro — e vai além

Do aclamado 'O Último Azul' ao fenômeno 'O Agente Secreto', o cinema pernambucano fez história em 2025

Andre Guerra

Publicado: 31/12/2025 às 06:00

'O Último Azul', 'O Agente Secreto' e 'Salomé': produções dirigidas por pernambucanos dominaram a discussão no cinema brasileiro em 2025/Divulgação

'O Último Azul', 'O Agente Secreto' e 'Salomé': produções dirigidas por pernambucanos dominaram a discussão no cinema brasileiro em 2025 (Divulgação)

Até hoje, nenhum ano proporcionou ao cinema pernambucano o mesmo protagonismo em nível nacional e internacional que 2025. Intensificando o orgulho do povo do estado com seus artistas e sua cultura, filmes de cineastas locais foram aclamados nos principais festivais do mundo e consagrados em grandes premiações.

Com O Último Azul, o diretor Gabriel Mascaro venceu o Urso de Prata no 75º Festival Internacional de Cinema de Berlim e, meses depois, abriu o 53º Festival de Cinema de Gramado, alterando até mesmo a cor do tradicional tapete vermelho, que 'azulou' pela primeira vez.

Lírio Ferreira desafiou a plateia com o thriller de sequestro Serra das Almas, ambientado no Sertão e narrado a partir de um tenso cruzamento de linhas temporais. O cineasta lançou ainda o documentário Para Vigo Me Voy!, sobre o saudoso Cacá Diegues, na Cannes Classics, mostra paralela do Festival de Cannes dedicada a filmes restaurados e documentários.

Abraçada pelo público e pela crítica, a cinebiografia de Ney Matogrosso, Homem com H, protagonizada pelo pernambucano Jesuíta Barbosa, teve um dos maiores desempenhos de um longa brasileiro em todo o ano, tanto nos cinemas, alcançando mais de 700 mil espectadores, quanto no streaming.

Radicada em Pernambuco, Mariana Brennand estreou em longa de ficção com o emocionante e brutal Manas, sobre o abuso sexual contra duas meninas da Ilha do Marajó. Apadrinhada por gigantes da indústria, como Julia Roberts e Sean Penn, a diretora, que já havia conquistado o GDA Director’s Award na Jornada dos Autores do Festival de Veneza em 2024, tornou-se um dos nomes mais discutidos entre os novos talentos do cinema brasileiro.

Cineasta pernambucana pioneira, Renata Pinheiro lançou o poético Lispectorante, gravado no Centro do Recife e com Marcélia Cartaxo no papel principal de uma mulher que retorna à sua cidade natal, onde Clarice Lispector viveu na infância. Já Marcelo Gomes, um dos cineastas pernambucanos mais prolíficos, teve duas estreias neste ano: o psicodélico documentário Criaturas da Mente, no qual investiga o mundo dos sonhos, e o drama Dolores, com Carla Ribas no papel de uma mulher que tem uma transformadora premonição de riqueza.

Na 29ª edição do Cine-PE — Festival do Audiovisual, destacaram-se sobretudo estreias em longas metragens de jovens diretoras pernambucanas, como Mariana Soares, com o apaixonado documentário O Ano em que o Frevo Não Foi pra Rua (dirigido em parceria com Bruno Mazzoco), e Mikaela Plotkin, com o delicado e maduro drama Senhoritas

Já no 58º Festival de Cinema de Brasília, Salomé, de André Antônio, foi amplamente premiado, levando para casa a estatueta de Melhor Longa-Metragem do Júri Oficial e outros sete troféus, coroando mais uma vez o cinema pernambucano nos festivais do Brasil.

A capital pernambucana também se tornou cenário de terror com Recife Assombrado 2: A Maldição de Branca Dias, dirigido por Adriano Portela e protagonizado por Daniel Rocha e Vitória Strada, que consolidou a primeira franquia cinematográfica do estado. Já o controverso realizador Daniel Aragão se uniu ao estreante Sérgio Bivar no longa experimental A Primavera, que acompanha o romance entre um poeta e uma prostituta em diferentes locações da cidade, com uma fotografia alucinante.

E com O Agente Secreto, Kleber Mendonça Filho conquistou o prêmio de Melhor Direção em Cannes, enquanto Wagner Moura levou para casa o troféu de Melhor Ator, consagrando o longa pernambucano como um dos principais da corrida para o Oscar, com especialistas apostando em chances de até cinco indicações. O filme, que volta ao Recife de 1977 para contar um complexo suspense sobre afeto, violência e memória, culminou um ano histórico em que Pernambuco não apenas reafirmou seu protagonismo, mas também evidenciou a diversidade de sua força.

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