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Thriller chileno 'Oro Amargo' é destaque na competição do Cinesur

Dirigido por Juan Francisco Olea e protagonizado por Katalina Sánchez, 'Oro Amargo' é conto de protagonismo feminino em terra desértica e masculina

Andre Guerra

Publicado: 29/07/2025 às 14:00

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O deserto do Atacama, no Chile, é o cenário – e, de certa maneira, um importante personagem – do surpreendente Oro Amargo, longa de ficção que teve sua estreia na terceira edição do Bonito Cinesur – Festival de Cinema Sul-Americano, no Mato Grosso do Sul. Nesse lugar inóspito, vivem a jovem Carola (Katalina Sánchez) e seu pai, Pacífico (Francisco Melo), que comanda uma mina de forma totalmente ilegal, gerindo a relação com seus funcionários da região na rédea curta.

É a partir de uma tensa situação de pagamento com um dos trabalhadores que a trama deste curto e tenso thriller irá se revelar. Um acidente grave tira totalmente de cena o chefe e força Carola, única mulher de toda a trama principal, a liderar os homens de seu pai, mesmo sem qualquer experiência prática nas minas.

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(crédito: Divulgação)

Dirigido pelo chileno Juan Francisco Olea, Oro Amargo é permeado por imagens imponentes do Atacama, que frequentemente funcionam como contraponto para a fragilidade tanto da protagonista quanto do corpo machucado de seu pai, que, apesar de toda a dureza, não consegue lutar contra o ferimento que só se agrava a cada segundo. Boa parte da proeza atmosférica do filme se dá justamente através dessa justaposição entre a dimensão macro daquela geografia e os planos fechados nos personagens.

Chama atenção tanto no roteiro, escrito a cinco mãos (Agustín Toscano, Francisco Hervé, Malu Furche, Moisés Sepúlveda e Nicolás Wellmann), quanto na interpretação de Katalina Sánchez a maneira como essa protagonista ganha mais força à medida que a história avança e os seus desafios aumentam, mas não da forma esquemática como poderia. Não é, em outras palavras, um protagonismo feminino cheio de fantasias e catarses; ela não é uma personagem de inteligência descomunal ou habilidades especiais, mas utiliza as poucas ferramentas que possui a sua disposição de forma mais engenhosa a cada cena.

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(crédito: Divulgação)

O sonho de ir embora daquela realidade certamente é um motor que move Carola e o filme, em seus minutos finais, contempla bem – ainda que sem grandes inovações – essa premissa da mulher que precisa deixar para trás a terra desértica e arrasada do mundo dos homens para seguir em frente.

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