Paula Toller se apresenta no próximo sábado, no palco do Teatro Guararapes
A artista relembra os hits de seus mais de 40 anos de carreira
Publicado: 28/07/2025 às 05:00

Paula Toller se apresenta neste sábado (2), em Olinda (Pedro Loreto)
No próximo sábado, a cantora carioca Paula Toller subirá ao palco do Teatro Guararapes, em Olinda, para dar continuidade às comemorações de seus 40 anos de carreira. Na verdade, a artista começou a fazer barulho em 1982, quando – à frente do Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens – gravou a música Distração na coletânea Rock Voador. Mas o estouro mesmo aconteceu no ano seguinte, ao lançar um compacto que trazia Pintura Íntima e Por Que Não Eu?, músicas que viraram hits instantâneos. Nessa conversa exclusiva com o Viver, Paula fala sobre sua trajetória, a relação com o público, os processos criativos e elogia o pernambucano João Gomes.
Os fãs pernambucanos costumam descrever sua relação com o estado como “um longo caso de amor”. O que, na sua percepção, torna essa conexão com o público daqui tão forte e duradoura ao longo desses anos? No começo é o sucesso, a explosão. Depois, se você tiver vocação e inspiração, a evolução. E depois, que é o momento em que estou agora, se tiver muita sorte, é a consolidação de toda a trajetória, da troca que tive e pretendo continuar tendo com o público, não mais como massa, mas com cada uma das pessoas e suas histórias individuais.
Este show marcará seu retorno ao Teatro Guararapes, um palco que você e o Kid Abelha ocuparam em 1991. Que memórias você guarda daquela época e qual o significado de voltar a este teatro tão icônico para a cultura pernambucana, agora com a turnê Amorosa? Na época, estávamos fazendo uma virada para lugares mais tradicionais, porque antes eram sempre ginásios, shows bem tarde, com público em pé. Teatros com poltronas, onde se podia ser mais íntimo com o público, eram um pouco amedrontadores, mas valia pela qualidade do som, da luz, por se comunicar com um púbico mais culto.
A turnê se chama Amorosa e você a descreveu como uma “celebração da conexão amorosa com o público” e um “propósito de vida”. Além do repertório repleto de sucessos, o que essa palavra, amorosa, representa para você neste momento da sua vida e carreira e como isso se traduz no palco? Nessa antologia de 40 anos de carreira, quis trazer as canções mais conhecidas para o universo da essência delas, sem usar os modismos da época, mesmo os modismos que nós mesmos criamos. Liminha e eu burilamos os arranjos para que fossem reconhecidos, mas como clássicos da música popular de rádio.
Além de Liminha, em Amorosa você se uniu também a Gringo Cardia na cenografia, que se inspirou no modernista Genaro de Carvalho. Como foi o processo criativo? Para mim, uma turnê de celebração só teria sentido com um time de produtores e diretores também parceiros, cúmplices, pessoas que ajudaram a formatar a imagem e o som do Kid. Daí o Liminha, que fez vários discos nossos, e o Gringo, com quem trabalhamos na turnê Tomate, uma megaprodução.
O repertório mescla clássicos absolutos com canções mais recentes. Já o registro audiovisual da turnê trouxe uma parceria com Luísa Sonza. Como você tem percebido a chegada de um novo público, mais jovem, e como equilibra a vontade de apresentar novidades com a responsabilidade de entregar os sucessos que todos querem cantar junto? Os convidados do audiovisual Amorosa são figuras marcantes de suas gerações, mas todos também têm uma ligação afetiva comigo e com a minha trajetória. Luisa se declarou fã, contou que sempre ouvia Kid Abelha com a mãe. Fernanda Abreu é contemporânea, artista única e desbravadora, chegou a dirigir um show do Kid. E Roberto Menescal, além de guitarrista maravilhoso, foi o diretor artístico responsável pelo lançamento da música Nada por Mim no rádio.
Recentemente, um fenômeno curioso surgiu nas redes sociais, com artistas do Nordeste recriando seus sucessos em ritmo de forró. Você acompanha esse movimento? O que acha de ver suas canções, tão marcadas no pop rock, ganhando novas vidas em um ritmo tão característico da nossa região? Recentemente o João Gomes gravou Nada por Mim e postou. Eu adorei. Ele canta lindo, botou uma sanfona, fiquei emocionada...
Com uma carreira de imenso sucesso e um legado consolidado, o que ainda te move a criar. O que a Paula Toller de hoje, com toda essa bagagem, quer dizer ao seu público? Invisto pesado na produção dos meus shows, é o mínimo que posso fazer por esse público que me carregou até aqui. Assim como invisto na preparação física, vocal, sou como uma atleta da Champions League. O recado é: “Estamos aqui, pro que der e vier”.

