Guerreiros do Sol resgata o cangaço sob olhar contemporâneo
Equipe da novela esteve no Recife para o lançamento da trama, que revisita o Sertão com uma estética cinematográfica
Publicado: 18/06/2025 às 12:38

George Moura, Ítalo Martin, Juliana Castro, Isadora Cruz, Rogério Gomes e Vitor Sampaio durante o lançamento da novela no Recife (Marina Torres/DP Foto)
Com cinco novos episódios chegando ao catálogo do Globoplay hoje, Guerreiros do Sol segue chamando atenção do público por sua estética cinematográfica e pela força da narrativa, que resgata com vigor o universo do cangaço sob um olhar contemporâneo. Em encontro com o autor George Moura, o diretor artístico Rogério Gomes (o Papinha), a coordenadora de produção Juliana Castro e os atores Isadora Cruz, Ítalo Martins e Vitor Sampaio, o Viver conversou sobre o processo de criação da trama.
“Rever o sertão, falar dele com profundidade e beleza, é como tocar nas raízes que me fizeram escritor e voltar ao primeiro fio de prosa que um dia me atravessou, ainda menino, no calor da terra rachada”, diz George. Para o pernambucano, Guerreiros do Sol é mais do que uma obra de ficção: é um retorno às origens. “Sou apaixonado pelo cangaço. A ideia de fazer essa novela sempre foi contar uma história de amor em tempos de guerra. Voltar aos anos 1920 é entender o que nos formou, com todas as contradições entre o moderno e o arcaico”, ressalta. “É também uma história de irmãos e de mulheres fortes. Foi uma grande aventura escrever esse projeto”.
A paraibana Isadora Cruz, que dá vida à protagonista Rosa, conta que o impacto da experiência começou ainda na preparação. Após sair de Mar do Sertão (2022), ela mergulhou em livros sobre o cangaço escritos por mulheres para entender melhor o papel feminino nesse universo. “Minha personagem é uma mistura de várias cangaceiras. Quando cheguei ao Sertão, senti que estava acessando minha própria ancestralidade. Era como se eu estivesse ali com minha avó, bisavó, toda uma linhagem de figuras guerreiras”, destaca.
A atriz também lembra do peso físico e simbólico das roupas usadas durante as gravações. As indumentárias dos cangaceiros, que chegavam a pesar até 25 quilos, ajudaram na imersão. “Aquelas bolsas, as cartucheiras, os panos para dormir na pedra, aquilo tudo fez a gente entender que não era só ficção. Estávamos entrando num território real. Foi preciso humildade para pedir licença à história”, pontua Isadora.
Guerreiros do Sol também é um momento especial para o caruaruense Ítalo Martins, que interpreta Crispino, mas passa a se chamar Milagre no decorrer da trama, ao entrar para o cangaço. Recém-chegado à TV Globo, ele define o papel como um presente. “Milagre já veio pronto. Quando eu recebi o roteiro, fiquei imerso naquele texto e naquele personagem. Para a construção dele, não tive nenhum tipo de referência externa. Apenas me deixei atravessar por ele. Foi instintivo e poético”, conta.
Já o recifense Vitor Sampaio, que vive o cordelista Sabiá, trocou mensagens com o músico Ciço do Pife, que lhe ajudou a entender o universo do cordel. “A composição nasceu das memórias da minha infância, dos encontros com os colegas e da vivência no Sertão. O cordel foi meu maior desafio”, conclui.
O diretor Rogério Gomes pontua o cuidado com a linguagem visual da novela. “Nós testamos paletas e buscamos o equilíbrio. Alcançar a luz certa foi como domar o próprio Sertão, imprevisível, imenso, mas generoso com quem o respeita”, diz. “A região, quando bem captada, fala por si só e Guerreiros é a prova viva disso”, explica ele, que trabalhou com George Moura no programa Por Toda a Minha Vida dedicado ao sertanejo Leandro, em 2007.
Para Juliana Castro, coordenar uma produção como esta foi uma jornada tão grandiosa quanto a trama que se vê na tela. Foram sete meses de gravações intensas, em quatro localidades diferentes, com uma equipe de cerca de 250 pessoas. “Fomos para o nada mesmo. Na maioria das vezes, eram locais que nem as pessoas da própria região conseguiam acessar. Adentrar essa natureza com estrutura, respeitando o ambiente e garantindo logística e alimentação, foi um grande desafio”, relembra.
Com 45 episódios de 50 minutos cada, Guerreiros do Sol é a terceira novela do Globoplay. Além do streaming, os episódios são exibidos de segunda a sexta, às 22h40, com reapresentações às 6h10 e às 16h15, no Globoplay Novelas (o antigo Canal Viva). É o Nordeste brilhando por todo canto.

