Em processo de licitação para reforma, a Fábrica da Tacaruna já abrigou usina de açúcar; saiba mais sobre o prédio
Prédio da Fábrica da Tacaruna foi inaugurado em 1895, o primeiro em cimento armado do Brasil, e abrigou a Usina Beltrão. O Diario de Pernambuco cobriu visita inaugural do governador Barbosa Lima
Publicado: 25/12/2025 às 10:56
Prédio da Fábrica da Tacaruna foi inaugurado em 1895 para abrigar uma usina de açúcar (DIVULGAÇÃO/LUCAS FERREIRA/SECOM)
O Governo de Pernambuco publicou no Diário Oficial, na última terça-feira (23), o edital de licitação para contratação da empresa responsável pela reforma e requalificação da antiga Fábrica da Tacaruna.
A fábrica textil, inaugurada em 1925 e desativada oficialmente em 1982, não foi o primeiro empreendimento que o imponente prédio, localizado no limite de Olinda e Recife, abrigou.
Ele começou a ser construído no começo dos anos 1890 e foi a primeira edificação em cimento armado do Brasil. Em 1895, era inaugurada ali a Usina Beltrão. O Diario de Pernambuco estava lá.
“O Exm Governador Dr. Barbosa Lima, solicito sempre pela prosperidade e engrandecimento d'este Estado, desejando conhecer de perto um de seus mais importantes estabelecimentos industrial, visitou hontem pela manhã essa usina, uma das principaes, senão a mais importante em seu genero da America da Sul”.
Abriu o texto da matéria publicada na edição do dia 3 de fevereiro de 1895 do Diario. O governador Barbosa Lima percorreu toda edificação.
“Esta divide se em tres partes, com uma extensão de 100 metros de comprimento sobre 40 de largura. A primeira destinada a lavagem de Stefen, contendo no 2º andar un armazem de assucar que comporta 150: 00 saccos de assucar bruto que alimenta o Usina durante um mez, os quais são para ali erguidos por um elevador duplo, além disto encontra se ali tres baterias de celulas contendo zaropes diversos para lavagem do as sucar. Uma divisão deste andar é reservada para receber o assucar já refinado que deve soffrer o processo de pulverisação.”
A matéria descreve, com riquezas de detalhes, a utilização do espaço nos processos utilizados pela Usina Beltrão, cuja produção diária foi calculada em 60 toneladas.
“Não so o typo de assucar usado neste paiz, como tambem em outros, taes como o crystalizado, granulado e em pequenos cubos, muito procurados no estrangeiro.”
Além da estrutura da nova edificação e dos processos de produção da usina, a matéria do Diario destaca também a importância da localização do prédio, logisticamente planejada para o escoamento do produto final.
“O logar em que está situada a Usina Beltrão comprehende uma area talvez de 200,020,000 metros quadrados e prolonga se da via ferrea de Olinda, na altura do Campo Grande á estrada de rodagem do norte junto á ponte da Tacaruna, á 3 kilometros do centro dessa cidade. Para o transporte dos seus productos conta a grande fabrica, além daquellas vias de communicação, com o Rio Beberibe, para o que construio largo canal com ancoradouro munido de forte caes, e ainda com a estrada de Limoeiro.”
O nome da Usina Beltrão foi dado em homenagem a Antônio Carlos de Arruda Beltrão, fundador e diretor gerente da Companhia Industrial Assucareira, com sede no Rio de Janeiro, proprietária também da Usina Steffen, em Brasília.
Foi o próprio “Dr. Antônio Carlos” que recebeu o governador Barbosa Lima, a comitiva e a reportagem do Diario de Pernambuco no começo de fevereiro de 1895.
A Fábrica da Tacaruna
Quase 30 anos depois, no dia 5 de fevereiro de 1925, o Diario registrava a inscrição do estatuto da empresa têxtil “Companhia Manufactura de Tecidos do Norte”.
“Para explorar uma grande fábrica de tecidos, no logar Tacaruna, adaptando, para esse fim, a Usina Beltrão”.
Com o passar dos anos, a companhia têxtil passou a ser chamada de Fábrica da Tacaruna.