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Vítima de tentativa de feminicídio se culpa por ataque de Secretário de Calumbi: "Não quero acabar com a vida dele"

Segundo advogada, a mulher passou por cirurgia, teve um afundamento craniano e tem risco de perder a visão de um dos olhos

Mareu Araújo

Publicado: 12/12/2025 às 16:40

Sargento reformado da Polícia Militar Numeriano Luiz de Sá/Foto: Reprodução/Instagram

Sargento reformado da Polícia Militar Numeriano Luiz de Sá (Foto: Reprodução/Instagram)

"Ela tem medo de que isso vá acabar com a vida dele", afirmou a advogada da esposa de Numeriano Luiz de Sá, de 64 anos, vítima de tentativa de feminicídio na última terça-feira (9). A mulher, que está internada, passou por cirurgia, teve um afundamento craniano e tem risco de perder a visão de um dos olhos.

Ele, que é secretário de Esportes e Lazer de Calumbi, no Sertão de Pernambuco, está preso preventivamente por suspeita de agredir a esposa com um porrete de madeira.

O caso aconteceu em um apartamento na Rua da Aurora, em Santo Amaro, no Centro do Recife. A vítima, de 57 anos, foi socorrida por vizinhos que ouviram os gritos e pedidos de ajuda.

De acordo com Manuella Magalhães, advogada da vítima, que também está em tratamento contra um câncer de intestino e sofre de neuropatia (lesão nos nervos), a mulher se culpa pelo ataque.

“Na conversa que tivemos ela ficou falando ‘se esse remédio não tivesse caído, se eu não tivesse chamado ele, eu não quero acabar com a vida dele’”, comenta.

Manuella afirma que essa reação é resultado de um relacionamento marcado por violência verbal e psicológica constante, onde o agressor a mantinha sob dependência emocional. Numeriano e a vítima, que tem o nome preservado, estavam juntos há 27 anos.

Segundo ela, a própria família da mulher relatou que o relacionamento do casal dava “indícios de ser muito tóxico”. "Ele dizia para ela: ‘tá vendo, ninguém ama você, só eu que lhe aguento, você tem muita sorte de ficar comigo'", conta.

Depoimento

Manuella Magalhães afirma que, em seu depoimento, a mulher contou que derrubou um comprimido por trás da geladeira. “Ele estava lá fora fumando quando ela o chamou para ajudá-la a afastar a geladeira. Ele disse: ‘Não, deixa depois você toma esse remédio’. Aí ela disse que precisava tomar na hora certa porque é um remédio oncológico”, detalha a advogada.

Em seguida, conforme a advogada, a vítima teria esperado o marido se abaixar para pegar o remédio, ele não o fez, então ela se abaixou. “Quando ela abaixou para pegar o remédio, ela sentiu uma pancada na cabeça. Ela achou que tinha batido em algum móvel, até que sentiu de novo e pensou que estivesse levando choque da geladeira”, relata.

“Ela avisou a ele que estava tomando choque, depois disso ele se atracou com ela e começou a bater com a madeira na cabeça dela. Foi quando ela começou a gritar por socorro”, diz. Segundo a advogada, por conta da neuropatia a mulher apresenta dificuldade na mobilidade e nos nervos.

A mulher não possui expectativa de quando receberá alta. Ainda precisará passar por exames para saber a gravidade da lesão ocular e se conseguirá recuperar a visão.

Manuella ainda falou os mais recentes casos de feminicídio nas últimas semanas: “Ela foi uma das únicas que ficou para contar a história, mas os danos psicológicos vão demorar muito para serem recuperados. Torcemos para que ela possa reescrever a história dela", finaliza a advogada.

Em seu depoimento, Numeriano declara acreditar que a mulher “possa ter apresentado um surto, considerando o estado emocional e comportamental que ela vem demonstrando nos últimos tempos em razão da doença”.

Além disso, o secretário afirma que “desconhecia a existência do porrete”, que “nunca havia visto o objeto antes e não sabe explicar sua origem” e disse que “nunca manuseou, utilizou ou sequer pegou no referido porrete”.

Para a defesa dele, as acusações são “completamente inverídicas”. Ao Diario, a advogada do suspeito, Adriany Neves, afirmou que está “reunindo provas concretas e aguardando o resultado de laudo pericial que está sendo feito no instrumento".

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