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Entrevista

Precisamos trazer a Inteligência Artificial para dentro da Polícia Civil, diz novo delegado-geral

O novo delegado-geral da Polícia Civil de Pernambuco, Felipe Monteiro, conversou com o Diario de Pernambuco na sexta-feira (14)

Mareu Araújo

Publicado: 15/11/2025 às 08:00

Felipe Monteiro é delegado-geral da Polícia Civil de Pernambuco/Foto: Marina Torres/DP Foto

Felipe Monteiro é delegado-geral da Polícia Civil de Pernambuco (Foto: Marina Torres/DP Foto)

Para o novo delegado-geral de Pernambuco, Felipe Monteiro, a Polícia Civil “precisa passar por uma modernização”. A afirmação foi dada nesta sexta-feira (14), em entrevista ao Diario de Pernambuco. Na conversa, o chefe da corporação declarou que espera que sua gestão seja marcada pelo investimento em tecnologias, redução dos números de violência e a aproximação com a sociedade.

Felipe foi empossado na segunda-feira (10), durante a formatura de mais de 400 novos agentes, escrivães e delegados. Na Polícia Civil há 18 anos, ele tem no currículo passagens pelo Centro Integrado de Inteligência e de Defesa Social, onde foi gerente-geral, e a chefia do primeiro Núcleo de Inteligência no interior do estado.

“Se a tecnologia está aí, a inteligência artificial, tecnologia de ponta, [precisamos] trazê-la para dentro da instituição para que a gente tenha uma aproximação com a sociedade e preste um serviço de qualidade para a população”, afirmou Felipe.

Além da busca pela redução dos indicadores de criminalidade, o novo chefe da PCPE declarou que as investigações por corrupção serão conduzidas pelo Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Dracco) "sem nenhum tipo de questão política ou partidária".

Confira:

Quais as razões para a mudança do comando da PCPE?

Acho que essas mudanças são normais na instituição, sobretudo em um cargo de gestão. A gente vê isso com muita naturalidade.

Quando Renato [Rocha, o antecessor] foi chamado para ser delegado-geral, ele já estava no processo de licença para a aposentadoria. Ele retornou para essa nobre missão que é chefiar a instituição. Assim, eu entendo como um processo natural a substituição no cargo. Depois de 22 meses que ele passou aqui, um tempo até razoável, a gente fez isso [transição] de uma forma muito natural.

Então, a gente encara com muita naturalidade. Quem viu a cerimônia de transmissão do cargo conseguiu ver essa relação boa que a gente tem, essa tranquilidade com que é feita a mudança. Isso mostra, inclusive, a maturidade da instituição.

Chego para dar continuidade, não é nem de longe uma relação que vai ser de quebra e ruptura. Eu tenho um alinhamento muito grande com Renato na questão de como a gente enxerga a polícia. Temos a mesma formação profissional na questão da inteligência. Então, é uma relação de continuidade para que a gente consiga obter os mesmos bons resultados que ele já tinha.

O que o senhor avalia como prioridade na sua gestão?

Sem dúvida, a gente tem que continuar reduzindo os números dos principais indicadores de criminalidade. Nesse sentido, a governadora Raquel [Lyra] e o programa de segurança que ela encabeça, o "Juntos pela Segurança", têm três eixos muito fortes de atuação: a redução das Mortes Violentas Intencionais (MVIs), a redução dos Crimes Violentos Patrimoniais (CVP) e o enfrentamento da violência contra a mulher e violência de gênero, no geral.

Baseado nessa redução da criminalidade violenta, nas mortes intencionais, a gente também tem que enfrentar o crime organizado, o que está completamente relacionado. Então, não temos muito como fugir desses eixos. O objetivo é dar continuidade nessa redução que vem acontecendo há muito tempo já.

A gente vem com vários meses de redução nos principais indicadores. O objetivo é dar continuidade nesse segmento, com um olhar muito voltado para a redução dessa criminalidade, para que a gente consiga atingir um primeiro objetivo de curto prazo, que é fazer o melhor ano da série histórica.

A gente está brigando para fazer o melhor ano da história da Segurança Pública em Pernambuco. Depois desse passo importante, a gente [precisa] continuar dando outros passos e cada vez mais diminuindo esses indicadores e trazendo mais sensação de segurança.

Quais os principais desafios da PCPE hoje?

Na verdade, eu ainda estou me assenhorando da função [e] tomando pé do que está acontecendo aqui agora. A gente tem um trabalho para o público externo, especificamente para a população, e a gente tem um trabalho para o nosso público interno também. É cuidar bem do policial e dar uma estrutura cada vez melhor para que o policial desempenhe seu papel de forma mais assertiva e melhor.

Então, eu acho que a gente tem essas duas funções: tanto o olhar externo para a população, quanto o olhar voltado para o nosso policial, para o nosso servidor, para que a gente tenha esses dois eixos muito próximos um do outro.

Na quinta-feira (13), a SDS indicou as delegacias dos novos delegados, formados recentemente. No meio deles, alguns delegados foram trocados. Quais os critérios adotados para as trocas de comando?

É normal dentro da rotina policial que existam essas trocas. Quando foi feito o novo concurso, foi aberta a possibilidade para que os policiais fizessem as remoções internas, que tentassem optar para onde queriam ir, e vários deles manifestaram interesse em trocar de local.

Quando há esse pedido, a gente sempre analisa o binômio: tentar acomodar o [policial] da melhor forma possível, mas também entender o interesse público em delegacias específicas e atendê-lo. Então, o critério sempre é ouvir os diretores, ouvir os policiais, [e] tentar alocar o servidor da melhor maneira possível, em um local onde ele consiga desempenhar seu trabalho com uma boa performance.

Nos bastidores, muito se comenta que há uma tensão do governo estadual de reforçar inquéritos sobre a administração pública. O senhor pretende investir em investigações contra corrupção em 2026?

O eixo de atuação principal do "Juntos pela Segurança" é aquele que eu falei: MVI (Mortes Violentas Intencionais), CVP (Crimes Violentos Patrimoniais) e violência de gênero. Mas não tenho a menor dúvida de que a investigação de corrupção, seja de qualquer natureza, sem nenhum tipo de questão política ou partidária, é um marco que tem que ser enfrentado também.

A gente já tem um Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Dracco), que dentre suas unidades têm delegacias de combate à corrupção. Nesse processo, [o departamento] vem sendo fortalecido também, assim como outras unidades, aproveitando o recrutamento efetivo que está chegando aqui agora.

De acordo com o Sindicato de Policiais Civis, são mais de 90 mil inquéritos parados, sendo mais de 14 mil de homicídios sem investigação. Como sua gestão pretende enfrentar essa situação?

Posso dizer, sem nenhum medo de errar, que a investigação de homicídios em Pernambuco, especificamente, tem uma das maiores taxas de resolução de todo o país. Alvo de reconhecimento nacional por todo o investimento que a gente faz nessa situação: investigação específica de homicídio.

Como o Estado está lidando com as facções criminosas?

O estado sempre lidou muito bem. A gente tem um mérito que não é só da Polícia Civil, é um mérito de todo o sistema de segurança. A Polícia Militar consegue tomar conta do território, a gente entra em qualquer lugar, a Polícia Militar toma conta das ruas.

Há várias investigações de repressão qualificada, investigações boas que combatem essas organizações com várias prisões de líderes, com bens apreendidos, com apreensão de capital muito grande. Então assim, a gente já tem uma expertise muito grande no combate dessas organizações criminosas.

A gente não vê o que acontece em outros estados da Federação, em que essas facções tomam conta e são quase um poder paralelo em determinadas comunidades. O trabalho feito pela segurança pública em Pernambuco no combate à organização criminosa também é motivo de destaque e vem sendo feito de forma muito exitosa.

Como será a divisão de tarefas com a delegada-geral-adjunta Beatriz Fakih?

Ela vai continuar. Já vinha fazendo um trabalho excepcional desde a gestão passada. Tive a oportunidade de trabalhar com ela, fui seu chefe no passado. Então, ela continua tocando a operação, me ajudando em todas as demandas, e a gente faz essa parceria junto.

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