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Vida Urbana
GRANDE RECIFE

"Que isso não fique impune", diz mulher que denuncia ter sido estuprada por PM em posto policial

Em entrevista ao Diario, mulher de 48 anos relatou ter sido estuprada por um policial militar de uma unidade do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), no Cabo de Santo Agostinho

Diario de Pernambuco

Publicado: 14/10/2025 às 16:38

Posto do BPRv no Cabo/Reprodução/Google Maps

Posto do BPRv no Cabo (Reprodução/Google Maps)

A mulher de 48 anos que denunciou um policial militar por estupro dentro de uma unidade do batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, contou, com detalhes, a sua versão para o caso.

Em entrevista ao Diario de Pernambuco, nesta terça (14), na saída do Quartel do Derby, na área central do Recife, onde reconheceu dois homens que estavam no local do suposto crime, ela relatou toda a história.

"Moço, eu estou com pessoas ali no carro, eu tenho crianças", disse a mulher, que preferiu não ter o nome divulgado para não sofrer represálias, ao falar sobre a frase dita ao PM, em meio ao crime.

Na entrevista, a mulher contou que tudo aconteceu na sexta-feira (10), por volta das 22:30, quando ela saiu do Aeroporto do Recife, na Zona Sul da capital.

“Peguei uma amiga, passei em casa, peguei minhas filhas e segui em direção à praia”, contou. O carro em que todos estavam tinha sido comprado há pouco tempo. No dia que eu comprei, a gente verificou e estava em dia. Ainda não transferi para o meu nome. O rapaz que me vendeu tinha pagado uma parcela do IPVA e não as demais”, relatou.

A mulher disse, ainda, que não sabia que havia problemas no licenciamento do veículo. Ela só teve conhecimento do atraso do IPVA ao ser parada em uma blitz.

A suposta vítima disse também que eles (os PMs) pararam o carro e pegaram o documento e a habilitação dela. Então, suposto agressor teria voltado do posto pedindo para ela descer do veículo.

“Quando eu desci do carro, ele me chamou até lá o posto policial, eu fui acompanhando ele, lá sentamos do lado de fora, tinha mais dois policiais sentados assim do lado e ele começou a me indagar sobre minha profissão, sobre onde eu morava, para onde eu estava ainda. Disse que o carro ia ficar apreendido e que estava com multa”, declarou ao Diario.

Ela relatou ter ligado para a pessoa que vendeu o carro e pediu ajuda. O homem, segundo ela, disse que não “resolveria nada” no fim de semana.

No relato, ela acrescenta que o celular estava no viva-voz e o policial ouviu toda a conversa. "Após pegar algumas informações minhas, ele tirou foto da minha CNH e do documento do carro". Nesse momento, o agressor teria dito aos colegas: "Ela vai ali beber água". A mulher relatou que não pediu água e estava muito nervosa.

“Ele me direcionou para entrar na parte interna do prédio. Chegando lá, tinha um quarto, dois beliches, ele pediu para eu entrar, lá ele apagou a luz e começaram os abusos”, afirmou.

“Ao terminar, ele me deu uma toalha que estava em cima do beliche, pediu para limpar a boca”, acrescentou.

Em seguida, a mulher disse ter saído “bebendo a água e em direção ao carro, de cabeça baixa.”

“Já não olhei para os policiais que estavam do lado, segui para o carro, muito nervosa, não comuniquei a ninguém que estava no carro que tinha acontecido”, declarou. .

No dia seguinte, a mulher foi trabalhar. “Eu passei 12 horas de plantão e à noite eu tomei coragem de procurar a delegada da Mulher do Cabo. Quando eu comuniquei a outras pessoas, consegui uma rede de apoio que me direcionou, me apoiou ontem o dia inteiro”, explicou.

Ela contou, por fim, que foi ao Hospital da Mulher e fez todo o procedimento, além de ter tomado um remédio específico.

“Vamos esperar uma resposta do estado, esperar uma resposta da governadora. Provavelmente, outras vítimas vão aparecer. Que isso não fique impune. É só isso que eu desejo”, afirmou.

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