Do Sertão ao Espaço: farmacêutica pernambucana compete por vaga em missão espacial
Isabel Fernandes, de 32 anos, é farmacêutica e doutoranda na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ela é candidata a uma missão espacial para a Democratização do Espaço, promovida pela Space Exploration and Research Agency (SERA)
Publicado: 08/10/2025 às 17:26

Isabel Fernandes é candidata a uma missão espacial para a Democratização do Espaço, promovida pela Space Exploration and Research Agency (SERA) (Reprodução/Instagram)
Piedade, distrito de Itapetim, no Sertão de Pernambuco. Nesta localidade, a cerca de 380 quilômetros do Recife, nasceu a farmacêutica e pesquisadora, Isabel Fernandes, de 32 anos. O trabalho dela reflete em pesquisas e sonhos tão grandes que não cabem neste planeta. Ela é candidata da Missão Espacial para a Democratização do Espaço da Space Exploration and Research Agency (SERA), pretendendo estudar novas e mais eficientes formas de tratar quadros de câncer.
Isabel é doutoranda em Biologia Aplicada à Saúde pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), num projeto que estuda novas formas de tratamento do câncer na microgravidade – estado onde a força da gravidade é tão reduzida que causa a sensação de ausência de peso.
“No doutorando a gente trabalha com oncologia, com testes examinando partículas e culturas celulares. A gente tira o aspecto de ação da gravidade num simulador de microgravidade. Tudo que a gente conhece no planeta Terra está sob influência da gravidade. Então, a gente pesquisa o que acontece com essas coisas sem esse aspecto”.
Isabel conta que a missão espacial significa muito para a capacidade do projeto de agregar conclusões importantes as pesquisas de tratamento do câncer. Segundo ela, nesta mesma área de estudo, já foram potencializados medicações para tratamentos do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).
“Hoje, basicamente 60% das pesquisas na Estação Internacional Espacial é sobre novos medicamentos, por exemplo, a cristalização de proteínas, importante para novos medicamentos. Quando você tem a oportunidade de fazer o experimento comparando com a gravidade real, que é fora daqui, é um ganho significativo, porque você tem várias formas de entender como funciona, como melhora a eficácia, a estabilidade, e a cristalização dos fármacos”.
Hoje, Isabel está em sexto lugar dentre os brasileiros candidatos. Para avançar para a próxima fase do Programa da Missão, ela precisa estar entre os 10 primeiros colocados do Brasil. Nesse momento, o engajamento digital é importante para somar pontos e subir de posição. Para ajudar Isabel nesta fase, basta apenas interagir com os perfis dela: @isabelfernandes_farma no Instagram e @isabel.fernandes577 no TikTok.
“Para a próxima fase vão passar os 10 melhores de cada região. Então, eu preciso estar entre os 10 melhores do Brasil, os 10 que mais pontuaram no Brasil. A expectativa é que a gente consiga avançar para a próxima fase, avançando aos poucos”.
Representatividade
Isabel é uma mulher nordestina e sertaneja, uma dos sete filhos de um agricultor e uma técnica de enfermagem. Ela compartilha que não esperava trilhar esse caminho até aqui.
“Eu não tinha a intenção em trabalhar com saúde, passei em outros cursos e acabei desistindo porque não sentia que era para mim. Minha mãe sempre quis que algum dos filhos, fosse para a área de saúde. No meu caso, aí eu comecei a fazer farmácia e despretensiosamente me encantei com as possibilidades, porque farmácia abriu um leque de possibilidades. Comecei dentro da farmácia já a me interessar pela área de oncologia”.
Hoje, no auge do processo profissional, ela destaca que a maior lição que tem aprendido é a representatividade. Ela relata, que mesmo confiante, também está ansiosa em representar muitas coisas em um projeto tão importante.
“Estou começando a ficar um pouco mais ansiosa, porque eu percebi a responsabilidade de representar tantas coisas. Nesse processo tudo que aprendi foi sobre representatividade e de como a gente precisa ter representantes em diversas áreas, inclusive na pesquisa. A maior lição que eu venho aprendendo é que a pesquisa pode alcançar outras pessoas, sair da academia e chegar na sociedade, pode inspirar novos cientistas, novas gerações, inspirar mulheres, sertanejas, nordestinas, todo mundo pode ser inspirado pelas lições da ciência”, ela compartilha.
Ela também enfatiza a importância da visibilidade de um estudo promovido por uma universidade federal, e da força da resiliência não só na pesquisa, mas na vida.
“A gente não sabe do nosso potencial. A gente fica se apegando às dificuldades e acaba esquecendo que pode abrir um leque de possibilidade, porque a gente tem capacidade. A realidade de todo mundo é diferente, todo mundo tem dificuldade e tudo mais, mas o que eu queria deixar de mensagem é que a gente não parasse de sonhar, não parasse de buscar, apesar das dificuldades”, declara.

