Sete empresas pernambucanas entram na "Lista Suja" do trabalho análogo à escravidão
A nova lista inclui 159 empregadores de todo o país, o que representa um aumento de 20% em relação ao documento anterior
Publicado: 06/10/2025 às 18:32

Número de empresas que entraram na Lisa Suja aumentou em 20% (Foto: Ministério do Trabalho/Divulgação)
Sete empresas pernambucanas entraram na “Lista Suja” divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) nesta segunda-feira (6) por terem submetido trabalhadores a condições análogas à escravidão. Ao todo, a nova versão traz 159 empregadores em todo o país, sendo 101 pessoas físicas e 58 pessoas jurídicas, um aumento de 20% em relação à atualização anterior.
Somente na A2 Engenharia, 20 trabalhadores foram resgatados por estarem submetidos a condições precárias de trabalho. No alojamento da empresa, localizado em Ipojuca, no Grande Recife, foram identificadas irregularidades como precariedade nos alojamentos, ausência de medidas adequadas de saúde e segurança, falta de registro em carteira e atrasos salariais. De acordo com o MTE, essas constatações caracterizaram o trabalho análogo à escravidão.
Já na empresa Polimetálica Fabricação de Estruturas Metálicas LTDA, localizada em Belo Jardim, no Agreste, foi constatado que dois empregadores que montavam uma estrutura metálica na zona rural do município estavam em situação análoga à escravidão, sendo um deles submetido a uma carga horária que o levava à exaustão.
No alojamento dos funcionários foram verificadas a ausência de higienização do ambiente, ausência de camas, de armários, de local para aquecimento de alimentos, de material para higienização de área de vivência, de utensílios e de roupas, ausência de área de lazer. No que diz respeito à gestão de risco no canteiro de obras, foi constatada a ausência de medidas de segurança para trabalho em andaimes, os quais em razão do grave e iminente risco de acidente foram objeto de interdição no curso da ação fiscal.
Outras empresas que tiveram trabalhadores resgatados foram: Clínica em Centro Terapêutico Maanaim LTDA (18 resgatados), Construtora Prime LDTA (4) e Maria Elida Santana de Ataide (4), EJA Engenharia LTDA (3) e LG Gouveia (2).
A Auditoria Fiscal do Trabalho registrou, entre 2020 e 2025, o resgate de 1.530 trabalhadores em situação de exploração. Minas Gerais (33), São Paulo (19), Mato Grosso do Sul (13) e Bahia (12) tiveram o maior número de novos registros na atualização mais recente da “Lista Suja” do trabalho escravo.
As principais atividades envolvidas foram a criação de bovinos para corte (20 casos), serviços domésticos (15), cultivo de café (9) e construção civil (8). Cerca de 16% das ocorrências estão ligadas a atividades urbanas.
A “Lista Suja” é publicada semestralmente e divulga os resultados das ações de combate ao trabalho escravo realizadas pela Auditoria Fiscal do Trabalho, com apoio da Polícia Federal, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União e outras forças policiais.
No curso das ações fiscais da Inspeção do Trabalho em que são encontrados trabalhadores em condição análoga à de escravo, são lavrados autos de infração para cada irregularidade trabalhista identificada, os quais demonstram a existência de graves violações de direitos, além de auto de infração específico que caracteriza a submissão de trabalhadores a essas condições.
Os empregadores são incluídos na lista após a conclusão de processos administrativos, que garantem direito de defesa. Os nomes permanecem por dois anos. Nesta atualização, além das novas inclusões, foram excluídos 184 empregadores que cumpriram o prazo.
Criada em 2003 e regulamentada pela Portaria Interministerial nº 18/2024, a lista foi considerada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal em 2020. O STF entendeu que a medida não é uma punição, mas um instrumento de transparência previsto na Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011).
Denúncias de trabalho análogo à escravidão podem ser feitas de forma sigilosa pelo Sistema Ipê, plataforma lançada em 2020 pela Secretaria de Inspeção do Trabalho em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

