Crime por herança: mulher presa por matar próprio pai teve ajuda de detento,diz polícia
Segundo as investigações, a herança da vítima estava avaliada em R$ 2 milhões; mulher recebeu apoio de um preso e de outros quatro homens para orquestrar o assassinato
Publicado: 10/09/2025 às 14:33
Crime por herança: mulher é presa por planejar morte do pai (Divulgação/PCPE)
A Polícia Civil de Pernambuco detalhou, nesta quarta-feira (10), como uma mulher pediu a ajuda de um presidiário para orquestrar o assassinato do próprio pai para ficar com a herança dele.
Segundo a corporação, Amanda Chagas Botrel, 19 anos, recebeu ajudar de um detento para planejar o assassinato do caminhoneiro Ayres Botrel, de 60 anos, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife.
A motivação foi a herança, um patrimônio avaliado em R$ 2 milhões, conforma polícia, que concedeu entrevista coletiva, no Recife.
De acordo com o delegado Rodrigo Bello, titular da 14ª Delegacia de Homicídios do Cabo, o crime aconteceu na madrugada de 20 de junho deste ano, na casa da própria vítima.
Etapas de investigação
Ainda segundo ele, as investigações foram realizadas em três etapas. A primeira ocorreu poucos dias após o assassinato, quando a filha do caminhoneiro, Amanda, foi presa preventivamente, em 27 de junho.
Inicialmente, ela confessou parte da participação, mas apresentou versões falsas sobre a motivação e sobre quem seriam os executores.
“Ela só admitiu porque não tinha como negar, mas tentou se beneficiar, mentindo no restante”, explicou o delegado.
A segunda fase concentrou-se na identificação de todos os integrantes. Além de Amanda, a polícia constatou o envolvimento de mais cinco homens.
Dois já estavam presos por outros crimes: Daniel Fernandez de Araújo e Erik Manoel Soares da Silva. Além dos detentos, outras três pessoas estavam soltas.
O elo central foi Daniel, amigo de infância de Amanda, que cumpre pena em um presídio. A jovem teria oferecido R$ 50 mil e um apartamento para que ele organizasse o assassinato do próprio pai.
Daniel acionou Guilherme Henrique Andrade da Silva, um comparsa que estava no Rio Grande do Norte, que, por sua vez, manteve contato com Erik, detento do Cabo de Santo Agostinho. Esse intermediário foi o responsável por recrutar os dois executores: Walter Silvestre da Silva e Carlos Alerrandro Vanderlei de Melo, residentes na região da Charneca.
“Foram eles os autores diretos dos disparos, e com a prisão deles nós fechamos o ciclo. Todos os envolvidos estão presos”, destacou a delegada adjunta Myrthor Andrade.
Na terceira e última etapa, a polícia deflagrou as ações para cumprir os mandados. Um dos cúmplices foi preso no Rio Grande do Norte, enquanto os dois executores foram capturados nesta semana em uma operação. “Era uma área de difícil acesso, e qualquer erro poderia alertar os suspeitos. Planejamos a ação para que os dois fossem presos ao mesmo tempo, evitando a fuga”, acrescentou Bello.
Mensagens
Ainda de acordo com as investigações, a polícia detalhou que, por meio de mensagens extraídas dos celulares, foi possível identificar que Amanda acompanhava cada passo do plano e chegou a orientar os comparsas a não atirar no rosto do pai para que o corpo pudesse ser velado em caixão aberto. Ela também levou os executores até a casa da vítima em seu próprio carro.
Apesar do avanço das investigações, as armas utilizadas no homicídio não foram localizadas. Segundo a polícia, a quadrilha é conhecida por práticas de ocultação e troca de armamentos após os crimes.
Com a conclusão do inquérito, todos os seis envolvidos foram indiciados por homicídio e associação criminosa. “Foi um crime incomum, marcado pela frieza e pela participação direta de um familiar. Retiramos de circulação pessoas extremamente perigosas, e temos confiança de que as provas garantirão a condenação de todos”, afirmou o delegado.