Além de trem entre Recife e Caruaru, UFPE e Sudene estudam ações para sistema de ferrovias no estado
Instituições firmaram um acordo para tentar resgatar malha ferroviária. Uma ideia é atuar no escoamento de cargas no Sertão
Publicado: 24/07/2025 às 16:37

O investimento total estimado é de R$ 3,5 bilhões, já que existem 179 km com obras finalizadas (Divulgação/TSLA)
A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) firmaram uma parceria para dois estudos que tratam do sistema de ferrovias no estado. Um deles prevê a retomada do transporte de passageiros entre o Recife e Caruaru, no Agreste. O outro prevê o escoamento de cargas entre Salgueiro e Petrolina, no Sertão.
A formalização do acordo foi realizada, nesta quinta-feira (24), durante o primeiro seminário do Conexões Transnordestina – A ferrovia que mudará Pernambuco, realizado no Sertão do estado.
De acordo com o cronograma, os estudos devem ser concluídos no primeiro semestre de 2026.
“Nosso objetivo é contribuir para as ações de integração logística regional, ampliando a competitividade e induzindo o desenvolvimento sustentável e inclusive do Nordeste”, declarou o superintendente da Sudene, Danilo Cabral.
Segundo ele, os estudos estão alinhados com a nova política federal de transportes, que aposta no modal ferroviário como vetor de transformação econômica e social.
O reitor da UFPE, Alfredo Gomes, celebrou a iniciativa e destacou a importância estratégica do investimento público no transporte ferroviário tanto de cargas quanto de passageiros.
Entenda os projetos
O primeiro projeto, focado no transporte de cargas, prevê a elaboração de um estudo técnico que analisará custos e possíveis traçados de um ramal ferroviário ligando Petrolina ao entroncamento da Transnordestina em Salgueiro.
A proposta pretende facilitar o escoamento da fruticultura irrigada do Vale do São Francisco.
A conexão também facilitaria o acesso estratégico aos portos de Suape (PE) e Pecém (CE), além de integrar a hidrovia do Rio São Francisco à malha ferroviária nordestina.
O segundo estudo tem como foco a retomada do transporte de passageiros entre Recife e Caruaru. O trabalho buscará avaliar o potencial de demanda, comparar o antigo traçado ferroviário com tecnologias mais modernas e analisar a viabilidade de um novo percurso que acompanhe o traçado da BR-232.
Obras e investimentos
A Sudene é uma das principais financiadoras da Ferrovia Transnordestina por meio do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE).
Já foram destinados R$ 5,6 bilhões à obra, que se encontra com 75% de execução e conecta Eliseu Martins (PI) ao porto de Pecém (CE). Outros R$ 2,6 bilhões têm recursos assegurados.
No evento, técnicos da Infra S.A. – empresa vinculada ao Ministério dos Transportes – apresentaram atualizações sobre o trecho pernambucano da Transnordestina, que ligará Salgueiro ao Porto de Suape.
Os projetos técnicos estão em andamento, e os editais de licitação para a construção do ramal serão lançados conforme esses projetos forem finalizados.
Segundo o assessor da Diretoria de Empreendimentos da Infra S.A, Rafael Fernandes de Sousa, a obra já foi retomada e a estratégia será de aproveitar ao máximo o traçado projetado inicialmente, com atualizações pontuais, por exemplo, na área onde há uma barragem.
“A primeira licitação deve ocorrer ainda neste segundo semestre para o trecho Custódia - Arcoverde, com previsão de contratação da obra no primeiro trimestre de 2026. O investimento estimado é de R$ 600 milhões, com recursos provenientes do Orçamento Geral da União”, explicou.
O investimento total estimado é de R$ 3,5 bilhões, já que existem 179 km com obras finalizadas. A previsão de conclusão é até 2029. “Em nosso projeto, não há previsão de construção de terminais pela Infra S.A. É uma iniciativa que será tomada pela iniciativa privada ou pela futura concessionária. Pela nossa experiência em outras ferrovias, é mais viável que a decisão sobre a localização seja tomada pelo setor produtivo”, ressaltou o gestor da Infra S.A.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Guilherme Cavalcanti, destacou que a construção da ferrovia deve ser realizada projetando o futuro, não apenas avaliando a produção existente atualmente no estado. “Essa ferrovia não é uma simples infraestrutura para buscar algo que já existe, mas como um pilar de transformação estratégica para o nosso Estado e para a nossa região”, frisou.

