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INVESTIGAÇÃO

Advogado de jovens que furaram blitz aponta falhas na versão da polícia: "Foi precipitada e despreparada"

Nesta terça (15), Ernesto Felipe esteve no DHPP, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, para acompanhar as investigações. Um jovem morreu e outro ficou ferido

Diario de Pernambuco

Publicado: 15/07/2025 às 14:37

Advogado dos jovens esteve no DHPP nesta terça (15)/NIVALDO FRAN/DP

Advogado dos jovens esteve no DHPP nesta terça (15) (NIVALDO FRAN/DP)

O advogado dos quatro jovens que estavam em carro atingido por tiros disparados por homens do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), ao furar uma blitz na Zona Sul do Recife, apontou falhas na versão apresentada pela polícia.

Nesta terça (15), Ernesto Felipe esteve no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, para acompanhar as investigações.

Ele também falou sobre supostos equívocos no procedimento adotado pela polícia logo após o caso, que deixou um morto e um ferido.

Tudo aconteceu no fim da sexta (11), quando os rapazes voltavam de uma partida de futebol, na orla de Boa Viagem.

Eles passaram por uma blitz e não pararam. Na versão dos jovens, o motorista estava com documentação do Classic vencida.

Então, policiais do BPTRan foram atrás do veículo, em motos. Na perseguição, houve disparo. Lucas Brendo morreu e Lucas Ricardo ficou gravemente ferido.

Os outros dois ocupantes, Samuel Norberto Bezerra da Silva, o motorista, e Tiago Felipe da Silva, o do banco do carona, escaparam sem lesões e prestaram um primeiro depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Em nota divulgada na segunda (14), a Polícia Militar informou que atirou no carro para “reagir” aos disparos efetuados de dentro do carro pelos rapazes, que voltavam de uma “pelada”.

Também informou que havia encontrado duas armas de fogo no veículo Classic, que teria sido jogado para cima dos policiais que faziam a perseguição de moto.

Os rapazes que sobreviveram e as famílias de Lucas Brendo e de Lucas Ricardo da Silva negaram que eles estivessem armados.

Veja a entrevista

Para o advogado Ernesto Felipe, foi uma ação policial despreparada. “Foi precipitada. Ele pré-julgaram de forma errada e aconteceu o erro. Precisa realmente perguntar aos policiais militares de onde surgiram essas armas.”, acrescentou.

O advogado dos jovens disse também que houve um “erro foi fatal”, que vitimou os dois pelas costas.

“Os tiros da polícia foram imprudentes, de forma desastrada, e por trás. Se fosse um sequestro, realmente quem ia morrer eram as vítimas que estavam atrás do carro, veja, os dois atrás, nas costas, levou tiro”.

Ernesto Felipe disse à reportagem do Diario que o momento, agora, é de acompanhar as investigações. “Não houve flagrante. Ninguém foi autuado. Vamos seguir e comprovar a inocência deles”, afirmou.

O advogado disse, ainda, que falou com o delegado responsável pelo caso e soube que foram solicitadas imagens de câmeras de segurança.

Para o defensor, as alegações dos policiais não têm coerência. “Não houve disparo de dentro para fora. Eles não estavam armados”.

Ainda segundo Ernesto Felipe, o delegado de plantão não levou os jovens para fazer os exames para saber se eles tinham atirado nem autuou os jovens.

“É um absurdo. Não autuou, pois não teve crime.”

Experiência

O advogado relatou que achou estranha a atitude dos policiais ao registrar o caso.

”Quando chega uma situação dessas na delegacia, primeira coisa que o delegado faz é autuar em flagrante por porte ilegal de arma e tentativa de homicídio contra os policiais. Quando realmente o delegado está convicto, quando vê que há indícios de materialidade e autoria. Então o delegado viu que era uma coisa muito estranha, que não aconteceu. O delegado não atuou porque viu que a ocorrência foi toda errada”, declarou.

Versão

O defensor apresentou uma versão, a partir da narrativa feita pelos jovens que estavam no carro e sobreviveram.
Segundo ele, os jovens seguiam para casa. Em um determinado momento, o policial mandou o motorista, chamado de Samuel, parar.

“Ele, com medo de perder o carro, porque estava (com o IPVA) atrasado, simplesmente ignorou a parada e foi embora”, relatou.
O advogado disse, ainda, que os rapazes não viram que havia moto do BPTran na blitz e seguiram.

Perto da Rua de 20 de janeiro, o motorista falou que começou a observar as motos atrás dele e, por isso, acelerou.

“E os policiais aí, começaram atrás deles. Em Porta Larga, pegando a Estrada da Batalha, ele escutou os tiros. Ele se assustou e parou o carro no meio-fio. E, mesmo assim, ainda continuaram os disparos, e até eles botarem as mãos para fora e se renderem”, relatou o defensor.

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