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Vida Urbana
FACÇÃO CRIMINOSA

Justiça condena integrantes da facção Comando Litoral Sul que atuavam em São José da Coroa Grande

Segundo juiz, grupo é responsável por promover caos social e uma "verdadeira guerra civil" em São José da Coroa Grande

Jorge Cosme

Publicado: 05/07/2025 às 10:55

Ao todo, 11 pessoas foram condenadas./Foto: Rafael Vieira/DP Foto

Ao todo, 11 pessoas foram condenadas. (Foto: Rafael Vieira/DP Foto)

A Vara Única da Comarca de São José da Coroa Grande, na Mata Sul de Pernambuco, condenou 11 pessoas que integram a facção criminosa Comando Litoral Sul (CLS), antes chamada de Trem Bala. Alvos da Operação Final, da Polícia Civil, eles são acusados de homicídios, tráfico ilícito de entorpecentes, associação para o tráfico, porte ilegal de arma de fogo e associação criminosa.

A investigação foi iniciada para apurar uma intensa disputa territorial do tráfico de drogas em São José da Coroa Grande, município na divisa com Alagoas. Com base em interceptações telefônicas, os investigadores identificaram os membros atuantes da organização na cidade.

São eles: Lucas de Aleixo de França (vulgo Cocão), Eferson Rodrigues De Abreu (Efinho ou Efão), José Henrique De Oliveira (Sheldon Ou Riquinho), Amaro Henrique Dos Santos Neto (Coroa Ou Chapolin), José Eduardo Teófilo Dos Santos (Du), Vivian Ruany Teófilo Dos Santos, Jefferson Alex Alves (Du Passinho ou Jefinho), Josemir Noberto Da Silva Neto (Neto ou Netinho), Erivam Da Silva Vasconcelos (Índio), Manoel Joaquim Da Silva Júnior (Gordo ou Júnior) e Alberto Alves De Almeida Silva (Nino).

"A investigação revelou que os envolvidos integram a complexa e poderosa organização criminosa CLS/Trem bala, que tem forte atuação no território Pernambucano, conhecida por ações violentas contra seus desafetos", resume o juiz Tácito Costa Coaracy Filho na sentença.

Terror e caos

A maior parte dos acusados se manteve em silêncio no decorrer do processo. O réu Eferson Rodrigues de Abreu foi um dos que deu detalhes do funcionamento do grupo.

Ele contou que costumava ter uma boa relação com Lucas Aleixo, mas desfez a proximidade com a facção após Lucas mandar matar vários de seus amigos porque as vítimas "não queriam vender drogas".
Outro réu, José Henrique de Oliveira também disse, em interrogatório, que o Comando Litoral Sul virou seu inimigo por matar seus amigos.

Segundo o juiz, a organização estava “impondo terror e caos social na cidade de São José da Coroa Grande”. Ele também destacou que os alvos foram responsáveis por “verdadeira guerra civil” na cidade.

Os 11 réus foram condenados a penas que variam de 15 a 20 anos de reclusão. Apenas Vivian Ruany teve permitido o direito de recorrer em liberdade.

Estrutura da facção e penas

Lucas Aleixo: chefe da facção em São José da Coroa Grande, tomava decisões relacionadas a homicídios de rivais e à distribuição de droga. Condenado a uma pena de 18 anos, 3 meses e 15 dias de reclusão.

Eferson Rodrigues de Abreu: um dos mais influentes da organização, estando abaixo apenas de Lucas Aleixo. Responsável pela distribuição das drogas e armas, além de manter contato com possíveis fornecedores. Está recolhido no sistema prisional. Condenado a 16 anos, 8 meses e 22 dias de reclusão.

José Henrique de Oliveira: exerce a gerência do tráfico de drogas em São José da Coroa Grande. Condenado a 19 anos, 6 meses e 22 dias de reclusão.

Vivian Ruany: companheira de José Henrique. Envolvida na contabilidade, arrecadação e depósitos bancários do dinheiro arrecadado no tráfico. Condenada a 17 anos e 15 dias de reclusão.

Amaro Henrique dos Santos Neto: um dos gerentes do tráfico de drogas local, confessou extrajudicialmente fazer parte do CLS. Condenado a 15 anos e 2 meses de reclusão.

José Eduardo Teófilo dos Santos: atua na venda de drogas e contabilidade. Executor de um homicídio consumado e de uma tentativa de homicídio. Recolhido no sistema penitenciário por mandado de prisão preventiva. Irmão de Vivian. Condenado a 20 anos, 9 meses e 22 dias de reclusão.

Jefferson Alex: realiza a venda de drogas, usa sua residência como depósito do entorpecente e evita a atuação da polícia em determinados pontos de tráfico e apreensão de veículos adulterados. Condenado 15 anos, 11 meses e 7 dias de reclusão.

Josemir Noberto da Silva Neto: a partir do monitoramento, foi identificado seu envolvimento com porte ilegal de arma de fogo e planejamento de homicídios. Apontado como executor de duplo homicídio em março de 2022, está preso preventivamente. Condenado a 17 anos e 15 dias de reclusão.

Erivam da Silva Vasconcelos: responsável pela comercialização de drogas. Apontado como executor de homicídio em julho de 2022 por disputa pelo tráfico. Condenado a 15 anos e 2 meses de reclusão.

Manoel Joaquim da Silva Júnior: mantinha as drogas em depósito, traficava e praticava homicídios. Praticou, apenas em 2022, quatro homicídios, todos investigados e concluídos com suas respectivas autorias. Condenado a 16 anos, 1 mês e 07 dias de reclusão.

Alberto Alves de Almeida Silva: gerente do tráfico. Preso no decorrer das investigações por posse ilegal de arma de fogo e munições e tráfico de entorpecente. Condenado a 17 anos e 15 dias de reclusão.

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