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Arcebispo visita o Diario de Pernambuco e defende comunicação como ponte de esperança

Dom Paulo Jackson concedeu entrevista exclusiva, abençoou os profissionais e destacou o papel da Pastoral da Comunicação para um futuro mais ético e integrador na Igreja

Larissa Aguiar

Publicado: 30/05/2025 às 16:06

Visita celebra o 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais/Foto: Nivaldo Fran/DP Foto

Visita celebra o 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais (Foto: Nivaldo Fran/DP Foto)

O arcebispo de Olinda e Recife, Dom Paulo Jackson, visitou nesta quarta-feira (28) a sede do Diario de Pernambuco para celebrar o 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais, instituído pelo Papa Paulo VI e mantido com ênfase por Francisco. Na ocasião, além de conceder uma entrevista exclusiva, o arcebispo realizou uma bênção aos profissionais do jornal e reforçou a importância de uma comunicação comprometida com a verdade, a ética e, sobretudo, com a esperança.

O tema proposto para este ano, ainda elaborado por Papa Francisco, é “Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações”, em sintonia com o jubileu de 2025, intitulado “Peregrinos da Esperança”. Para Dom Paulo, o papel da imprensa, seja ela laica ou religiosa, é construir pontes e não muros. “Vocês muitas vezes têm que comunicar tragédias, guerras, injustiças... Mas como, mesmo diante disso, manter a centelha da esperança acesa? Essa é a missão”, afirmou.

Durante a visita, Dom Paulo ressaltou o papel crucial da Pastoral da Comunicação (Pascom), especialmente no cenário pós-pandemia. “A Pascom é outra depois da Covid-19. A Igreja teve que se adaptar rapidamente, e isso transformou completamente a forma como nos comunicamos. A pandemia nos empurrou para o uso de ferramentas digitais que antes eram pouco exploradas. Hoje, conseguimos realizar assembleias com centenas de bispos online, com qualidade e comunhão”, explicou.

Segundo ele, a comunicação na Igreja não deve se restringir a técnicas de mídia ou redes sociais. “A Pascom precisa estar a serviço da comunhão. Não basta saber fazer fotos ou editar vídeos. É preciso gerar unidade dentro da comunidade e, ao mesmo tempo, falar para fora, para o mundo. A Igreja que só olha para dentro se enferruja”, alertou.

O arcebispo também alertou para os riscos da má comunicação, como as fake news e o uso negativo da inteligência artificial. Citou casos recentes de perfis falsos de padres e bispos pedindo doações, o que tem exigido vigilância e checagem constante por parte das equipes de comunicação das dioceses. “A internet é uma riqueza imensa, precisamos usar essa ferramenta para o bem, com responsabilidade e compromisso com a verdade.”

Dom Paulo falou ainda sobre os desafios e as esperanças da Igreja com a juventude. Ele reconhece que parte dela se afastou da instituição, mas vê sinais de retorno. “Vivemos um movimento bonito de reconciliação. Muitos jovens que antes haviam deixado a Igreja agora estão retornando. É como se, após tanto tempo de fragmentação, de racionalização extrema, as pessoas voltassem a buscar sentido, a desejar uma fé que traga inteireza”, refletiu.

O arcebispo destacou que é preciso enxergar a juventude em sua pluralidade. “Não há uma juventude, mas juventudes. Algumas estão dentro da Igreja, outras nas fronteiras. O nosso papel é ir ao encontro, escutar e acolher. E a comunicação é fundamental nesse processo. Se quisermos manter viva a missão evangelizadora, precisamos nos fazer entender por essas novas gerações.”

O futuro, para Dom Paulo, passa pela escuta e pelo diálogo. Ele mencionou o sínodo arquidiocesano em curso, inspirado no processo mundial iniciado pelo Papa Francisco, como um espaço privilegiado de escuta não só dos fiéis ativos, mas também dos afastados e até mesmo daqueles que nunca participaram da vida eclesial. “Queremos ouvir todos. A Igreja precisa se abrir e aprender com a dor, com o silêncio e com os anseios do povo. E comunicar isso de forma autêntica.”

Ao final da visita, Dom Paulo deixou uma mensagem clara: “A comunicação deve ser instrumento de comunhão, não de divisão. Que possamos usar as palavras para semear esperança, promover o bem comum e, acima de tudo, construir juntos uma sociedade mais humana e fraterna.”

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