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Política
COP30

Simbolismo da COP30 vai além da diplomacia

Especialista avalia que o Brasil tem nas mãos a oportunidade de assumir o "papel de vanguarda nas transformações necessárias" sobre as questões climáticas

Mariana de Sousa

Publicado: 09/11/2025 às 22:00

30ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP30)/THOMAS MORFIN / AFP

30ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP30) (THOMAS MORFIN / AFP)

O simbolismo da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) para o Brasil vai além da diplomacia. A avaliação é do professor Pedro Rivas, coordenador da pós-graduação em ESG da ESPM.

“Reafirma nosso potencial de sermos líderes nesse assunto. Há ainda muito a ser feito e a exploração de petróleo na margem equatorial fragiliza essa posição do Brasil. O simbolismo é de que um país que faz parte do novo mundo, talvez precise tomar a dianteira e não esperar que o velho mundo pague uma conta da construção dos seus impérios”, explica o professor.

Para Rivas, o Brasil tem nas mãos a oportunidade de assumir papel de vanguarda nas transformações necessárias. “Talvez nos falte maturidade para ver que somos nós que temos que fazer aquilo que talvez só nós possamos fazer. Encontrar uma alternativa para o uso do petróleo, e não esperar que os países que criaram tudo isso venham resolver. Temos tudo na mão, e uma vontade de ver um mundo realmente novo”, conclui.

Ausências evidenciam polarização

Por outro lado, as ausências de lideranças na Conferência evidenciam a polarização ideológica que atravessa o debate ambiental. A decisão de não comparecer ao evento de líderes como o presidente da Argentina, Javier Milei, e, principalmente, o presidente dos EUA, é vista como uma recusa ao consenso climático que vem se consolidando nos últimos anos.

Para o especialista, não comparecimento desses líderes “revelam que há atores dispostos a apostar contra o óbvio, contra a ciência e o avanço”. “Revela que a causa não está ganha, nem nunca apareceu assim. Há muito trabalho a ser feito. Revela que precisamos conversar, encontrar denominadores comuns, e buscar avançar”, analisa.

Trump, mesmo sendo convidado pelo próprio presidente Lula, durante a recente aproximação, não estará presente na COP30 e os EUA não enviaram representantes para o evento. “O presidente Donald Trump já deixou claras as posições de seu governo sobre a ação climática multilateral”, disse um representante da Casa Branca, sob condição de anonimato.

Na posição contrária à dos demais países, durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em outubro, o presidente estadunidense emitiu críticas a respeito de políticas ambientais implementadas por outras nações e afirmou que mudanças climáticas são “a maior farsa do mundo”.

Em contrapartida, o especialista acredita que o espaço deixado por líderes negacionistas pode abrir caminho para o fortalecimento do protagonismo brasileiro. “A conversa seguirá, mesmo com limitações. Muitas das decisões dos EUA não encontram lastro de lógica sob nenhuma perspectiva. Vemos que algumas das taxações impostas por Trump levou prejuízo aos americanos, e com poucos ganhos no tabuleiro em geral, favorecendo as relações do Brasil com a China, por exemplo.”

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