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Política
Julgamento de Bolsonaro

Moraes sobre Heleno: "Não é normal um general quatro estrelas ter anotações golpistas"

O general e ex-ministro Augusto Heleno possuia uma agenda contendo anotações sobre a tentativa de golpe de Estado

Guilherme Anjos e Mareu Araújo

Publicado: 09/09/2025 às 11:30

Relator do caso, ministro Alexandre de Moraes é o primeiro a votar no julgamento do núcleo 1 da trama golpista no STF/Foto: Rosinei Coutinho/STF

Relator do caso, ministro Alexandre de Moraes é o primeiro a votar no julgamento do núcleo 1 da trama golpista no STF (Foto: Rosinei Coutinho/STF)

Em seu voto no julgamento desta terça-feira (9), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), repudiou a existência de uma agenda com anotações sobre a tentativa de golpe de Estado, que pertence ao general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Jair Bolsonaro. O ex-presidente e o militar são réus pela trama golpista.

“Não é razoável achar normal um general do exército, de quatro estrelas, ministro do GSI, ter uma agenda com anotações golpistas, preparando atos para deslegitimar as eleições e o poder judiciário para se perpetuar no poder”, disparou Moraes.

Segundo a acusação, a agenda de Heleno, apreendida pela Polícia Federal (PF), contém anotações com planos para abolir o Estado Democrático de Direito. Entre as ações idealizadas pelo general da reserva, estão a criação de desinformações sobre as urnas eletrônicas para descredibilizar as eleições de 2022, e a contratação de hackers para fraudar o pleito.

“Essa sequência é muito importante para demonstrar que não são fatos aleatórios. São fatos que foram planejados em órgãos, utilizando ilicitamente órgãos de Estado para restringir o poder judiciário e para se perpetuar no poder independentemente das eleições”, declarou o ministro ao ler a agenda.

De acordo com o general Heleno, ele já possuía a agenda antes de fazer parte da gestão de Jair Bolsonaro, mas confirmou que a levava para as reuniões com a presidência.

Além da agenda, Augusto Heleno estava em posse de um documento intitulado “relatório de análise de urna eletrônica”, contendo informações sobre auditoria e contabilização dos votos, e um relatório de inspeção de códigos-fonte do sistema de votação brasileiro. Suas anotações trazem diversas críticas ao sistema eleitoral.

“Tudo isso já seria extremamente estranho se não configurasse o primeiro ato executório na preparação do discurso que foi utilizado em live pelo réu Jair Messias Bolsonaro, que criou não só esse clima de antagonismo contra o poder Judiciário por parcela da sociedade, mas também a sequência de graves ameaças”, disse Moraes.

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